23 de dezembro de 2010

Já não descubro músicas por mim mesmo

Acho que o facto de estar a ficar velho....não, espera, é apenas por ter menos tempo para estar na net a pesquisar e ter o quarto só para mim para ouvir música...espera, que quarto?

Já não descubro bandas por mim mesmo há séculos.

Beirut não descubri por mim mesmo, vi algures num blog, não interessa. Mas podem ver que em 2008 já cá punha videos. Agora toda a gente gosta. Não chegaram cá primeiro. Mas este gajo continua a ser um sacana dum génio. fdp.

Depressão

Um gajo checo disse-me que quando alguém tem grandes mudanças na vida no espaço de um ano, como uma nova relação, novo trabalho, nova vida, mudar de país, ser pai, etc, tem mais probabilidades de entrar em depressão.

Eu respondi-lhe que assim teria de ser internado imediatamente.

Mudei de país, mudei de trabalho, mudei de vida, nova relação, casei-me e agora fui pai.

Acho que afinal vou é ser salvo da semi-depressão.

Google pá...

Lá porque estou na Sérvia não quer dizer que tenhas de escrever tudo em Sérvio. Em cirílico pá? Dasse...

13 de dezembro de 2010

Wikileaks

Muito se tem falado do Wikileaks, do Julian Assange principalmente agora com o Cablegate, mas poucos sabem realmente do que se trata.

O Wikileaks não é novo nem é de agora. O Wikileaks foi criado em 2006, já na altura com pompa e circunstância. O seu lema e funcionamento era obter documentos secretos ou não, que estivessem escondidos do público e que pudessem expor a público algo que seja ilegal ou controverso. Como todas estas novas redes, vivia à base do contributo pessoal para enviar documentos e ao contributo da sua respectiva tradução para outras línguas.
Na altura pesquisei e já existiam vários documentos com potencialidade, até documentos relativos a Portugal e em Português.

Os grandes leaks foram sobretudo relacionados com a guerra do Afeganistão e do Iraque, em que o ponto alto foi quando divulgaram um vídeo de um helicóptero dos EUA a assassinar (é esta a palavra) jornalistas da Reuters bem visíveis enquanto os pilotos comentavam jocosamente. Entre outros documentos mostra provas de mortes civis e torturas ilegais.

O grande boom foi agora com o Cablegate.  

O que é o Cablegate?
O Wikileaks teve acesso a cerca de 250mil telegramas (muitos deles classificados e secretos) das embaixadas americanas espalhadas por todo o mundo desde 1966 a 2010. E é pura e simplesmente isto.

Aparentemente estes documentos foram obtidos por um soldado estacionado no Iraque que fez download de material classificado e posteriormente entregou este material ao Wikileaks.

Qual a importância destes telegramas?
Estes telegramas são de todos os tipos, muito deles secretos e classificados. Ou seja, foram escritos assumindo que nunca seriam revelados ao público. E é aqui que está todo o problema.
Estamos a falar de diplomacia. Todos as embaixadas e pessoal diplomático troca mensagens entre si e o país de origem, tal como obtêm ordens. Estamos a falar de diplomacia.

Usando uma analogia, é o mesmo quando as vizinhas se reúnem entre si. São todas amigas umas das outras, fazem perguntas e mandas postas de pescada para o ar, tentam obter o máximo possível de informação. Quando a vizinha A volta a casa conta a sua versão e interpretação à amiga B.

E é disto que se trata. Opiniões, perfis psicológicos, informação e decisões de reuniões, ordens e acontecimentos, troca de correspondência secreta entre as embaixadas e o país onde está essa embaixada.

Muita desta informação pura e simplesmente não seria suposta ser de conhecimento público! Mas neste momento é!

Qual o impacto?
Os telegramas estão a ser revelados muito lentamente. Por exemplo, até hoje foram revelados 1344 de 251287 telegramas. Muitos deles contêm informação não polémica, muitos deles contêm informação factual e pública. Mas alguns deles contêm informação que se fala mas que nunca foi confirmada oficialmente. E alguns contêm informação que não era suposta sair a público e que pode gerar problemas!

A vizinha A quando conta a coscuvilhice à sua amiga B sobre a vizinha C, não espera que a B vá contar à C o que A pensa dela. E se isto acontece, há problemas.

Ora se eu sou o presidente dos EUA, não vou gostar nada disto.

O que aconteceu até agora?
Dos telegramas revelados muitos não eram importantes e muitos deixaram a sensação de "mas isto eu já sabia". Mas alguns são realmente novos e trazem novos factos à luz do dia.

Os telegramas estão a ser divulgados com a ajuda de 5 jornais internacionais, o The Guardian, o Der Spiegel, o El pais, o Le Monde e o The New York Times. Todos os telegramas estão disponíveis para download via torrent. Visto que a informação tem de ser interpretada e analisada, os dados estão a vir a público muito lentamente.

Muita gente não ficou contente com o Wikileaks e o seu lider, Julian Assange.

O site começou a ser atacado com DDoS horas antes da revelação inicial. O servidor de domínios onde Wikileaks estava registado cancelou o domínio. O Wikileaks mudou-se para servidores da Amazon mas esta cancelou posteriormente. O PayPal congelou a conta do Wikileaks impossibilitando a doação de dinheiro através do PayPal. O banco suiço onde Julian Assange e Wikileaks tinham alguns fundos congelou as suas contas. Nesse mesmo dia a Visa e a MasterCard cancelaram pagamentos para o Wikileaks. Aparentemente o Twitter e Facebook cancelaram e censuraram contas e posts relacionados com Wikileaks.

O Wikileaks para contrariar a tentativa de fecho do site, efectuou um pedido público a quem tenha um servidor para alojar uma cópia do Wikileaks. Neste momento existem mais de 1500 mirrors que são actualizado sempre que o Wikileaks é actualizado.

Julian Assange foi acusado, pela Suécia, de violação e posteriormente por relação sexual sem preservativo sem consentimento (que aparentemente é ilegal na Suécia) e mais tarde foi emitido um mandato de captura internacional pela Interpol. Julian Assange foi preso no Reino Unido após ter entrado em contacto com a policia britânica e ter combinado uma reunião, de forma voluntária.

Quais as reacções?
Para além de reacções do público e imprensa reclamação da liberdade de expressão e liberdade de imprensa, entrou em acção a Operation Payback.

Esta operação coordenada mas descentralizada, feita por jovens hackers de todo o mundo, começou a efectuar ataques DDoS a sites de entidades que estão contra o Wikileaks, mandando abaixo temporariamente o site do PayPal, MasterCard, Visa, entre outros.

Vários políticos mundiais têm demonstrado a sua posição a favor ou contra o Wikileaks.

E agora?
Mesmo com Julian Assange preso, o Wikileaks continua. Com a sua rede de servidores mirror e com várias pessoas a trabalhar para o Wikileaks, os telegramas continuam a ser divulgados. Alguns jornais já começaram a analisar por eles próprios os telegramas. Já começam a aparecer novos sites com o mesmo propósito do Wikileaks.

Há muito mais a acrescentar a esta história, mas queria apenas deixar uma explicação rápida para perceber o que realmente está a acontecer.

Uma das criticas que vejo ao Wikileaks é que apenas ataca os EUA e não outras potencias mundiais. Isto não faz sentido pois é a divulgação de telegramas de embaixadas dos EUA e não embaixadas de outros países. Muita desta informação diz respeito aos países da embaixada mas é sempre escrita tendo em conta os interesses americanos.

7 de dezembro de 2010

População Estrangeira - Motion Chart

Ao escrever a minha segunda coluna para "A Barca", decidi obter dados correctos a partir do INE, Instituto Nacional de Estatística, acerca da população estrangeira registada em Portugal.

Esses dados são públicos e fáceis de encontrar. A partir dai decidi tratar esses dados e fazer um gráfico bonito. Lembrei-me então dos Motion Charts, uma ferramenta que a Google disponibiliza. Depois de muito trabalho ao criar uma macro para formatar os dados de forma a que o Motion Charts conseguisse processar, aqui estar.

English version:

I decided to check the foreign population statistics of Portugal from INE. After having that data, from 2001 to 2009, I decided to create a Motion Graphic with that information. Here it is.

Coluna d'A Barca

Desde que vim para a Sérvia sempre achei que faria sentido escrever para algo mais, para além do meu blog, acerca da minha estadia e experiência na Sérvia.

Visto que eu demoro sempre um bocado com a auto-iniciativa, só o mês passado enviei um email à A Barca, a propor escrever uma coluna. Essa proposta foi prontamente aceite e assim escrevi a minha primeira coluna, que transcrevo de seguida.


Dobrodošli u Novom Sadu, Srbiji.

Que é como quem diz, bem-vindos a Novi Sad, Sérvia. No fim do ano passado decidi fazer candidatar-me ao Serviço de Voluntário Europeu (www.sve.pt), um programa de voluntariado inserido no Programa Juventude em Acção, da Comissão Europeia, para que jovens entre os 18 e 30 anos possam efectuar um serviço de voluntariado no estrangeiro até 12 meses de duração. O voluntário escolhe um projecto de uma organização, presente na base de dados de organizações de acolhimento, e é escrito um projecto que vai de encontro com as necessidades da organização de acolhimento mas também de acordo com os desejos e capacidades do voluntário.  O objectivo do programa SVE é proporcionar uma aprendizagem não-formal ao jovem, uma experiência de vida, ao ser inserido numa nova comunidade num novo país. Para além de beneficiar a comunidade local, ao participar em acções locais, o jovem é integrado numa nova cultura, aprendendo uma nova língua e desenvolvendo novas capacidades, criando uma interacção bidimensional entre o voluntário e a própria comunidade local. E a boa noticia é que todo o projecto SVE é pago pela Comissão Europeia sem encargos para o voluntário que recebe uma bolsa mensal para os seus encargos para além de uma bolsa de acolhimento para pagar alimentação, transporte e alojamento.

Porque Sérvia? A minha primeira visita à Sérvia foi em Agosto de 2008 onde esperávamos uma realidade à Kusturica e tão comentada guerra da Jugoslávia e foi-nos antes apresentado uma região com história riquíssima, principalmente história recente, um país na Europa mas que muitos não consideram europeu, que tem dois alfabetos (latim e cirílico), hospitaleiro e com rica gastronomia, com vários países vizinhos que têm línguas diferentes mas que se entendem uns aos outros e que quer esquecer os traumas da guerra e fugir à imagem de mau da fita.
O meu objectivo é partilhar a minha experiência e viagens que tenho efectuado. Podem acompanhar no meu blog em www.psicologiainversa.blogspot.com.
De reparar que há um erro no titulo. Onde se lê "Dobrodošli u Novom Sadu, Srbiji." deveria-se ler, "Dobrodošli u Novi Sad, Srbiju.". É akusativ e não lokativ!

Vou escrever a minha próxima coluna esta semana que irei partilhar aqui também.

5 de novembro de 2010

Kosovo

Finalmente consegui visitar o Kosovo. Amigos de uma organização de Novi Sad convidaram-me na sua visita de estudo ao Kosovo.

Não querendo entrar na história do Kosovo neste momento, para isso podem ler algo na net ou wikipedia, gostaria apenas de mostrar as minhas impressões sobre a estadia no Kosovo.

As cidades visitadas foram Pristina e Prizren.

Pristina é a capita do Kosovo. A palavra para descrever Pristina é Caos. Pristina é uma cidade relativamente recente que sofreu um boom populacional nos últimos anos, duplicando a população nos últimos 10 anos. Devido à não existência de regulamentos, a cidade de Pristina é uma confusão de ruas e ruelas, edifícios construídos ao calhas. De momento Pristina é caracterizada também pelo pó e pela lama pois tudo está em obras, qualquer rua está a ser alcatroada ou renovada, o transito tornou-se caótico. A sua população é basicamente albanesa, cerca de 98%. Mas a situação geral é calma e não houve problema nenhuma em falar sérvio ou inglês nas ruas.

A próxima visita foi Prizren. Prizren é uma cidade completamente diferente. Prizren é uma cidade histórica e com história, com arquitectura e com um ambiente próprio. Prizren é uma cidade totalmente multicultural com um terço de população sérvia-bósnia, um terço albanesa e um terço turca. É fácil ver as três línguas escritas em qualquer esquina, em qualquer toldo. Facilmente se ouve as três línguas e as pessoas falam na língua em que se está mais confortável. A população acima dos 25 anos, ou seja, que viveu durante a Jugoslávia e Sérvia, sabem sérvio pois era ensinado na escola. Facilmente se entra numa loja e se pode dizer "Boa tarde" em Sérvio que as pessoas respondem. Uma criança aprende uma destas línguas como segunda língua na escola primária também, para além de aprender com os amigos na rua. Outro exemplo da multiculturalidade de Prizren é o facto de ver Mesquitas, igrejas católicas e ortodoxas lado a lado.

Durante a nossa visita visitamos Dusan Grad, um complexo histórico que serviu de fortaleza e mais tarde de mosteiro e que contém o tumulo do imperador Dusan da Sérvia. Este local foi atacado durante as manifestações de 2004 no Kosovo, e que de momento é protegido pela KFOR alemã. Se a actual necessidade de protecção é questionável, na altura existiam forças da KFOR que nada puderam fazer, foi construído basicamente um pequeno forte onde umas duas dezenas de tropas estão ali estacionadas a fazer...nenhum. Quem nos abriu o portão era um miúdo com uns 18-19 anos com uma arma do tamanho dele e dentro das tendas via-se o resto das tropas a jogar matraquilhos ou na internet.

Um outro ponto de visita foi a sede da EULEX, the rule of law from Europeon Union. A missão das Nações Unidas, UNMIK,  foi praticamente substituida pela missão da UE, a EULEX, que tenciona facilitar e ajudar o processo de implementação de um sistema judicial e policial no Kosovo, fornecendo juizes e forças policiais e combatendo o crime organizado e corrupção. Após a chegada foi-me apresentado o chefe de protocolo da EULEX que é português (não consegui encontrar o nome dele no site da EULEX) e tivemos uma interessante conversa com algumas autoridades da EULEX.

A posição da EULEX não é fácil pois o sistema judicial é caótico e, embora não seja o pretendido, a EULEX tomou controlo de várias instituições judiciais em vários locais no Kosovo. O objectivo da EULEX é facilitar e ajudar as autoridades locais mas caso estas não consigam controlar a situação a EULEX toma controlo por si própria. Esta posição é algo polémica por ambos os lados do conflito, até internamente da EULEX. Entretanto a EULEX tem de usar as best-practices da UE quando mesmo dentro da UE a situação e independência do Kosovo não é unânime. Posto isto tudo a EULEX não é uma organização politica e não tem nada a ver com o reconhecimento do Kosovo pela Sérvia e comunidade internacional embora a sua actuação facilite este processo pois facilita o funcionamento do Kosovo como um pais independente.

Para acabar, a história dos carimbos no passaporte! Como o Kosovo não é reconhecido pela Sérvia, a fronteira no lado da Sérvia não é uma fronteira, é uma zona administrativa. Se fosse chamada fronteira seria o reconhecimento de que se estaria a passar para um país estrangeiro! Sempre me foi dito que caso fosse ao Kosovo não deveria obter um carimbo Kosovar no passaporte pois poderia obter problemas ao voltar à Sérvia, e caso acontecesse deveria entrar e sair pelo mesmo local.

Devido a um mal entendido na fronteira kosovar, os passaportes foram carimbados. Sinceramente já me habituei a ter a "arrogância" de que nada poderá acontecer a um cidadão com passaporte da UE! Durante a visita à EULEX foi levantado o alarme de que poderia haver alguns problemas a voltar na fronteira Sérvia e que deveria usar o BI pois já era possível entrar na Sérvia com BI da UE à alguns meses. E assim foi.

Ao voltar, na fronteira Kosovar foi carimbado o carimbo de saída (normal) e na fronteira Sérvia a situação foi exposta e os agentes lá até se riram pois o problema já não se colocava e o carimbo era apenas ignorado. E assim entrei na Sérvia com o meu BI e com dois carimbos do Kosovo no passaporte.

Passado umas semanas viajei para a Hungria apresentei o passaporte na fronteira Sérvia, como habitualmente, e com curiosidade do que iria acontecer. O agente, ao folhear as páginas, pára na página com os carimbos do Kosovo, arregala os olhos, pega no telefone e diz "Daj mi anulator!", que é como quem diz "Traz-me o anulador". Passado uns segundos um outro agente aparece com um carimbo, dá o carimbo ao primeiro agente e este, traz traz, carimba-me o passaporte. Quando o recebo vou a ver e tenho dois carimbos, um por cima de cada carimbo do Kosovo, que dizem "Anuller". Que é como quem diz, os carimbos do Kosovo foram...anulados!

Ora não vou entrar em discussões sobre a autoridade que um estado tem para anular um carimbo de outro estado, ou mesmo o que é anular um carimbo! Só sei que tenho dois carimbos do Kosovo anulados o que aposto que será algo bastante raro num passaporte português!

Economia e educação

Deparei-me com duas excelentes palestras presentes na RSA (Royal Society for the encouragement of Arts, Manufactures and Commerce).

 A primeira, por David Harvey, fala-nos da crise económica e das suas razões, sejam económicas ou culturais.

Esta palestra tenta explicar o porquê da crise e as suas consequências culturais. Também explica a razão corrente do capitalismo.

Como se sabe, o capitalismo necessita duma circulação de dinheiro continua e de um aumento de consumo continuo. Logo as pessoas necessitam de um continuo aumento de dinheiro disponível para o poder gastar. Como indicado isto foi efectuado não por um aumento continuo de salários mas sim por um acesso fácil ao crédito e exploração de factores culturais.

Quando a bolha rebenta, porque não pode durar para sempre, quem tem dinheiro faz mais dinheiro e quem não tem dinheiro fica sem o pouco que tem. Porque? Porque não existe um sistema de educação acerca de economia/finanças. Em nenhuma parte do percurso escolar é ensinado como funciona e economia do mundo ou de um país. O que leva a pessoas adultas totalmente ignorantes acerca de algo tão simples mas importante como económica/finanças familiares. Tal como não há informação acerca dos perigos e vantagens dos vários produtos financeiros existentes. Daí não ser surpreendente que grande percentagem das famílias está endividada e sem poupanças. Não é ensinado o que se deve fazer com dinheiro.

Tal como não é surpreendente os ricos ficarem mais ricos em momentos de crise, pois é possível fazer dinheiro com mercados a subir tal como a descer! Principalmente a descer em que o investimento é altamente alavancado. Sabendo isto não é surpreendente que as crises sejam cíclicas e volta e meia tenha de acontecer uma.


A segunda, por Sir Ken Robinson, acerca do paradigma actual da educação.

Esta palestra fala na estandardização da educação que foi pensada na altura da revolução industrial. De momento a educação básica em vez de estimular as crianças e ensina-las a pensar, ou melhor, ensina-las a não perder a criatividade e ingenuidade cerebral (imaginação) que tão bem caracteriza uma criança, não, ensina-a a seguir o livro, a procurar uma solução e a obter uma formula que explique tudo e a não fazer perguntas.

Na minha opinião a morte das escolas profissionais e a existência de cursos e profissões não altamente qualificadas gerou a situação de que um jovem tira um curso e no fim não sabe fazer nada. O ensino primário deve ser altamente diversificado e com uma abordagem de educação não-formal, onde a criança deve aprender a ter pensamento critico, socializar e trabalhar em equipa, filtrar e analisar informação tal como a pesquisar e saber questionar, praticar a sua capacidade artística e musical e desenvolver certos capacidades matemáticas e intelectuais. Por exemplo não é aprender a tabuada através de decorar e repetição mas sim perceber o mecanismo inerente à tabuada e a como conseguir chegar a qualquer resultado analisando as suas parcelas.

No ensino secundário o jovem deverá ter uma percepção das suas capacidades e estilo de trabalho e também qual será o seu talento. Quando digo por talento o que o jovem tem prazer em fazer e naquilo que é bom, o que geralmente está relacionado. Com esses dados o jovem deverá ter acesso às suas futuras escolhas e lentamente a ser redireccionado para a sua vocação futura. Entretanto deverá ter acesso a educação como pessoa e cidadão, ter educação económica, financeira e politica. Se é permitido a um jovem votar com 18 anos, com 18 anos o jovem deverá ter capacidade para entender o sistema politico e formular o seu voto de forma independente e de acordo com aquilo que acredita.

Ao escolher um curso na universidade o jovem terá acesso a um curso altamente especifico e especializado onde o choque não será tão grande e facilmente efectuará tarefas por si mesmo com pensamento critico e criatividade. Hoje em dia é ensinado a pensar na universidade (quando é) e escrever um texto, efectuar uma pesquisa ou uma tarefa por si própria é um horror para qualquer caloiro.

Só assim uma pessoa pode estar preparada para o mercado de trabalho, seja quando sai do secundário ou do ensino superior. De momento um jovem que acabe o 12º não é nada, não tem capacidade nenhuma ou especificação para nada. E muitos dos cursos superiores são apenas uma continuação do ensino secundário.

Isto é a minha visão utópica. Quando digo que uma pessoa deve ser altamente qualificada e especializada não digo que só deverá saber fazer uma única coisa. Digo que deverá saber fazer uma coisa extremamente bem de modo a tornar-se um valor acrescentado e porque, de momento, é assim que o mercado trabalha. Se tiveres algo extra para oferecer és valorizado, se não vais fazer trabalho macaco. No entanto o sistema de ensino mata esta especificidade mas ao mesmo tempo não permite a uma criança/jovem desenvolver os seus possiveis talentos. A educação musical já não existe, para não falar de artes. Filosofia e psicologia devem estar quase (retórica por exemplo) e desporto idem idem. A forma como matemática é ensinada é um crime e história é ensinada by the book e de forma totalmente fechada.

Por outro lado o problema não é só no sistema educacional mas também no trabalho dos pais. Existe uma cada vez maior desresponsabilização do poder parental mas por outro lado os pais têm cada vez menos tempo livre para os filhos. A família está a ser dividida e isolada, para não falar das comunidades.

13 de outubro de 2010

Grupo Nacional ou Minoria Nacional II

Na minha opinião, quando se pergunta a um português a que grupo nacional ou a que minoria ele pertence, o português não sabe responder. Não compreende. Não existe estes conceitos na nossa cultura, no nosso pais. Mas a nossa historia até tem bastantes exemplos deles.

Provavelmente a resposta mais obtida será referir os distritos, o norte, o alentejo, o algarve, Lisboa e Porto. Mas estas diferenças regionais (que as há) formam uma minoria ou um grupo nacional? Um grupo étnico?

Quando eu pensei neste dilema perguntei a mim mesmo "Um portugues do norte tem alguma diferença seria de um portugues do sul?" No fundo somos todos portugueses. A identidade nacional é a mesma Não existe uma diferença séria. Custou-me bastante compreender este conceito e no fim conclui que para o nosso pais, pura e simplesmente não se aplica.

Esta questão surgiu-me durante um workshop na ONG onde vou efectuar o EVS. Ao discutir estereótipos e "prejudices" começou a aparecer a pergunta "qual é o teu grupo nacional? a que minoria pertences?". Imediatamente perguntei para definir o que é um grupo nacional ao que a minha resposta foi "Welcome to Vojvodina!".

Para mim um dos grandes choques culturais com a minha mudança para a sérvia foi ter ganho toda uma nova noção de interculturalidade, de minorias nacionais e étnicas que antes não possuia. Quando me perguntam como é a Sérvia/Balcãs a minha resposta é "It's a big mess". É uma miscelania de pessoas de grupos étnicos e religiosos misturados no mesmo local. Cada pais tem uma série de paises vizinhos. Quem sabe uma lingua de um pais da ex-jugoslavia sabe falar pessoas de todos os paises da ex-jugoslavia! Eu se me meter num comboio em 12h tenho mais de 10 capitais europeias nas mãos.

Na minha opinião, Portugal sofre de um auto-isolamento, enraizado na nossa cultura, nas nossas pessoas mas também na nossa geografia. Mas não na nossa história, excepto a história recente. Graças ao Salazar sofremos 40 anos de puro auto-isolamento. "Orgulhosamente Sós". Mesmo tendo entrado para a UE relativamente cedo, as pessoas de Portugal são culturalmente isoladas. Existe o estigma do estrangeiro, do emigrante, do imigrante. Tal como disse num post, só agora Portugal está a ter um refrescamento geracional que permite uma abertura para a Europa, um refrescamento em que a população activa é a população nascida no pós 25 de Abril e que não sabe o que é a censura, o isolamento.

Embora a nossa história não o demonstre, temos também um isolamento cultural, quase de sangue. Mesmo sendo um pais de imigrantes, não existe nenhuma minoria, nenhum grupo étnico em Portugal. Desde a expulsão dos jesuitas ao Salazar, quem vive em Portugal é Portugues. Somos educados desde a escola primária num ideal de que Portugal foi grande com os descobrimentos mas que isso já acabou. O D. Sebastião anda está para chegar.

Somos ensinados que Portugal é o pais mais velho da Europa, é o pais com as fronteiras mais velhas da Europa. Portugal não tem registo de conflitos internos desde...não sei, as invasões francesas? O reinado espanhol? A guerra civil entre D. Pedro e D. Miguel? E mesmo assim a soberania Portuguesa nunca foi verdadeiramente alterada. Os espahois estiveram aqui mas Portugal era Portugal, tinha era um rei Espanhol.
 
E agora vejo-me inserido numa região, num pais, numa provincia que é famosa por, até à II Guerra Mundial, ser conhecida por um terço da população ser Sérvia, um terço ser Alemã e um terço ser Húngara. Uma região que sofreu bastante com as duas guerras mundiais. Um país que até recentemente pertencia a uma confederação de paises que era um regime comunista (socialista?) renegado por Moscovo e que continha o melhor do mundo comunista e ocidental, onde as pessoas podiam movimentar-se à vontade e com um alto standard de vida.

Ainda não percebi como é que um unico homem, Tito, pode fazer isso mas até o Churchill gostava de tomar pequeno-almoço com ele. O problema foi quando Tito morreu e a Jugoslávia caiu e comunidade inteiras foram apanhadas em movimentos nacionalistas e declarações de independência. Não é possivel ou um grupo nacional querer declarar a sua independência quando não são o grupo maioritário, ou mesmo sendo, o processo não é pacifico com os outros grupos. E foi o que aconteceu, gerou-se conflito levando às guerras nos Balcãs.

Por isso hoje cada pessoa tem a sua história pessoal. A mistura foi sempre possível, seja entre sérvios, húngaros, albaneses, macedónios, bósnios (entre estes podemos pegar nos bosniaks (bósnios muçulmanos) bósnios croatas, bósnios sérvios), croatas, eslovenos, montenegrinos, romenos, búlgaros, gregos, turcos. Existem várias minorias nacionais reconhecidas na Sérvia: bosiak, bulgaros, Bunjevac, croatas, hungaros, Ashkali, Macedónios, Romenos e Ruthenos. Todos estes têm um assento na assembeleia de Vojvodina para defender os seus interesses e promover a interculturalidade.

Até pela história, os Balcãs foram divididos entre dois impérios: O império Austro-Hungaro e o império Otomano (Turco). Essas diferenças podem ser vistas, por exemplo, em Novi Sad em que a margem sul do rio Danúbio tem influencias Otomana e a margem norte tem influencia Austro-Hungara, por exemplo na arquitectura dos edifícios.

Portanto pergunto mais uma vez, caso se pretendesse fazer uma assembleia de minorias em Portugal, quais seriam?

Finalmente gostaria de concluir com o caso de Lisboa. Sendo uma capital Europeia esta pergunta e situação começa a fazer sentido. Embora as minorias ainda sejam recentes, as mais antigas são as comunidades africana que emigraram depois da guerra colonial, ou seja, têm 30 anos. Esta seria uma ideia interessante e importante para a situação lisboeta e para prevenir futuros conflitos. Porque de momento existem as comunidades africanas, as comunidades de leste, comunidade chinesa, indiana, etc.


11 de outubro de 2010

Gay Parade - Belgrade

Ontem, dia 10 de Outubro de 2010, decorreu a "primeira" parada Gay Pride em Belgrado. Digo entre aspas porque a primeira que ocorreu foi em 2001 mas que foi interrompida por ataques e a policia não estava preparada para proteger os participantes.

Em 2009 planeou-se efectuar uma segunda parada mas, após inumeras ameaças violentas de organizações de extrema-direita, foi cancelada pelo governo por medo da violencia e sendo adiada para 10 de Outubro de 2010.

Portanto ontem, mais de 1000 pessoas compareceram e participaram na primeira parada Gay em Belgrado. Protegidos por mais de 5000 policias do corpo de intervenção, a parada foi efectuada com sucesso durante o planeado trajecto.

No entanto mais de 6000 elementos de organizações de extrema-direita, hooligans e vândalos em geral tentaram o ataque e semaram destruição e pilhagem pela cidade de Belgrado. 158 pessoas sofreram ferimentos, a grande maioria policias e 3 pessoas foram hospitalizadas. A policia prendeu 249 elementos dos quais o lider de um grupo de extrema-direita. Os prejuizos totais contam-se em 1 milhão de Euros. A sede do partido em poder, O partido Democrata, foi atacado, juntamente com a sede de televisão estatal, RTS. O caso mais irónico de ataque foi uma unidade móvel de rastreio de cancro da mama da televisão B92.

Apesar desta situação, a parada aconteceu. É um dia histórico e uma vitória para as organizações de defesa dos direitos do homem e de liberdade pessoal. No entanto esta parada tinha de acontecer por diversas razões. A UE imperou ao governo sérvio para apoiar e proteger a parada de modo a demonstrar o seu apoio e abertura à defesa dos direitos do homem. A candidatura da Sérvia à UE vai ser discutida em conselho europeu brevemente e apenas um país está na dúvida, a Holanda, devido aos criminosos de guerra da bósnia que ainda não foram capturados.

No entanto a igreja ortodoxa mostrou a sua vontade contra e 6000 pessoas a espalhar o caos e a desordem pela cidade é uma demonstração de que muita coisa ainda tem de mudar, principalmente na opinião pública. No entanto também ficou demonstrado que estes protestos são apenas uma desculpa para o vandalismo e as pilhagens e não tem nada a ver com homofobia. O problema está na força dos movimentos de extrema-direita que ainda existem e na opinião pública acerca destes assuntos.

Uma última nota acerca dos vários comentários que vi nas noticias de jornais portugueses, principalmente do Público. É incrível a ignorância e arrogância de quem comenta estas várias noticias, sendo que qualquer noticia sobre um país da "Europa do leste" é imediatamente relacionada com os prévios governos comunistas ou então vários comentários estereotipados e discriminatórios. Mas como se costuma dizer, em cada português existe um treinador de bancada e os comentários na Internet geralmente são para ignorar.

7 de outubro de 2010

Balcãs: Sérvia - Kosovo

Existem várias situações de "conflicto" nos Balcãs:

Sérvia

A situação óbvia é o problema Sérvia - Kosovo. A declaração unilateral independencia do Kosovo em 2008, pela maioria albanesa tanto politica como social e populacional, com mais de 90% de população albanesa gerou um precedente único. Com a independência reconhecida por meio mundo, o governo Sérvio continua a tentar lutar pelo reconhecimento de que a declaração de independência foi ilegal e um ataque à soberania do seu país e aos cidadãos sérvios no Kosovo e que o Kosovo pertence à Sérvia, por variadas razões.

Presentemente já consigo perceber a situação do Kosovo por ambos lados da barricada. O Kosovo sempre foi uma província autónoma sérvia/jugosava excepto durante ambas guerras mundiais e que foi oferecida à Albânia durante a segunda guerra mundial, excepto a ponta norte. No entanto o kosovo sempre foi maioritariamente etnicamente albanês, sendo até o berço da resistência albanesa que levou à criação do estado independente de Albânia. Sempre uma região bastante disputada etnicamente, com o regime de Milosevic a maioria albanesa foi altamente reprimida levando à intervenção da NATO com os bombardeamentos da Jugoslávia que levaram à queda do regime de Milosevic e o controlo do Kosovo por forças das Nações Unidas, a famosa KFOR. Em 2008 o Kosovo declarou independência.

Não é difícil entender porque é que uma região onde 90% da população pertence a uma etnia que não à do país onde estão incluída declara independência unilateralmente. Principalmente se essa declaração tem o apoio dos USA e UK e é vista como um castigo à Sérvia pela guerra do Kosovo e regime do Milosevic. Por essa mesma razão não é difícil perceber que a Sérvia vê a independência do Kosovo como um roubo de território e um castigo politico do após guerra e como um perigo à sua soberania e cidadãos sérvios presentes no norte do Kosovo. Para a população sérvia serem vistos como os perdedores da guerra, os maus da fita, serem bombardeados unilateralmente pela NATO (USA?) e, no fim de tudo, perderem a região do Kosovo foi a gota de água.

No entanto o Kosovo não tem nenhuma importância estratégica, politica ou económica. Uma região extremamente pobre, sem recursos naturais e com variados conflitos étnico-religiosos. Com metade do mundo a reconhecer a independência do Kosovo, com os tribunais internacionais a reconhecerem a independência do Kosovo e com menos de 10% de população sérvia, o Kosovo é uma luta perdida.

De momento o grande ponto é que a questão do Kosovo é um entrave da Sérvia na União Europeia, que não poderá ser aceite como país candidato sem resolver esta questão primeiro. E resolver a questão do Kosovo significa que dirigentes sérvios sentem-se à mesa com dirigentes Kosovares e dialogar no sentido de aceitar o Kosovo como país independente. O actual presidente sérvio deu uma volta na sua acção e tudo aponta que isto poderá acontecer em breve. Com a Sérvia a ter entregue o draft de acesso à UE, com a Eslovénia já na UE e a Croácia como país candidato, a não inclusão na UE seria um rude golpe na economia e a continuação da isolação politica.

Para além da grande ferida que foi a declaração unilateral do Kosovo, a Sérvia, a meu ver, não tem nada a ganhar em continuar a luta.

Digo isto porque nem a Albânia quer o Kosovo. No momento de declarar a independência do Kosovo existiu a possibilidade de o Kosovo se juntar à Albânia. Obviamente que se isso se concretizasse seria quase uma declaração de guerra. A Albânia apoiou a independência mas mais que isso foi posto de parte.

De todos os Kosovares que conheci, a sua resposta a que nacionalidade eles possuem foi "Albanesa". Qualquer Kosovar se sente albanês (ou Sérvio). A imagem que me lembro da independência do Kosovo foi de ver pessoas a festejar com bandeiras Albanesas e dos USA. Existem avenidas chamadas "George Bush" ou "Tony Blair" em Pristina. Não existe ainda o sentido de nacionalidade Kosovar. Mas para um país com 2 anos e que agora mal começou a dar os seus primeiros passos, tudo pode acontecer.

3 de outubro de 2010

Kronos Quartet - Requiem for a Dream

Requiem For a Dream continua a ser um dos meus filmes preferidos. Então a banda sonora por Kronos Quartet...

1 de setembro de 2010

Letónia ou Latvia

Gostava de saber porque é que Letónia é Letónia numa data de línguas e em inglês é Latvia. Mas ok, tudo bem.

Ainda estou para perceber porque é que a moeda da Letónia é mais forte que o Euro, mas ok, tudo bem.

Letónia é um pais mais pequeno que Portugal, mas não muito mais, mas com apenas 2.5 milhões de habitantes o que lhe dá uma densidade populacional baixa! Ou seja, montes de espaço, florestas, campos, tudo é feito para os lados e não para cima.

Riga é uma cidade muito gira, mais concretamente a cidade velha que foi a qual visitei. Toda a gente sabe inglês, mas também toda a gente sabe russo. Quase 30% da população é russa, ouve-se o russo por todo o lado. Aliás, o russo só fala russo, vai a uma loja e toma lá russo. O que obriga os letónios (letões?) serem praticamente trilingues com a sua língua mãe, russo e inglês.

O facto de saber umas coisinhas em sérvio ajuda. O sérvio é uma língua eslava como o russo, ou seja, há muita coisa parecida. É engraçado ir na rua ou no autocarro e reconhecer algumas palavras em russo. Já o Letónia é uma língua eslava-báltica, ou seja, não é parecido com nada.

Depois de um boom enorme a partir de 2000 em que o PBI da Letónia disparou, a bolha rebentou com a crise de 2008 chegando a taxas de desemprego de 22% e actualmente tem uma taxa de desemprego maior que Espanha (e choramos nós com os nossos 11% que é quase igual a França, UK e Alemanha).

Apesar disso tudo 1Lvl equivale a 1.40€! Não é que as coisas sejam caras, é preciso procurar, como em todo o lado. Facilmente se come num restaurante por 40€ sem se dar por isso como se tem excelentes panquecas por 5€.

Depois de Riga fui para Liepaja, a terceira maior cidade, na costa com o mar báltico. Ora era metade de Agosto e já estava frio, chovia e uma ventania bruta. Mas vento a sério. Uma curiosidade naquela parte do mundo é que o céu, as nuvens, parecem diferentes (pelo menos a mim). O céu é mais aberto, as nuvens passeiam-se. É diferente, não sei explicar, se calhar é por ser mais a norte.

Mas é um pais muito simpático.

Ora a companhia aérea é a AirBaltic. Recentemente a AirBaltic abriu a linha Belgrado - Riga. Óptimo...até ao ponto que a partir de 1 de Setembro essa linha fecha. Como vinha a 26 não havia problema.

Já dentro do autocarro para o avião chega o aviso de que há problemas técnicos e era necessário esperar 20mins. Passado esses 20mins era necessário esperar mais 30mins. Obviamente que ao fim desses 30mins o voo foi cancelado.

Dirigindo-se ao balcão da AirBaltic a coisa é simples. Se o voo for cancelado por motivos não-alheios a companhia aérea, ou seja, mau tempo e cinzas de vulcões não contam, são obrigados a fornecer um novo voo, dormida num hotel se for preciso, transporte entre o hotel e o aeroporto e 2 refeições.

Visto que o próximo voo que tinha chegava a Belgrado as 23h30 e a essa hora não há autocarros para Novi Sad, decidi ir no dia seguinte. Portanto, hospedado no hotel de 4 estrelas da AirBaltic, shuttle bus de borla e 2 vouchers de 5Lvl (7€) para refeições. E pela primeira vez tive uma refeição num voo onde é preciso pagar para comer.

Chegado ao aeroporto de Belgrado descubro que já não existe o autocarro da JatAirways que fazia o trajecto do aeroporto - cidade por 250RSD (2.5€) e só existiam táxis. Táxis e burlões!

Tendo sido atacado por taxistas desesperados por um cliente, um gajo ter-me pedido 25€ para a cidade (segundo ele o aeroporto é a 25kms da cidade portanto 1€ por km é um bom preço) acabei de ir num taxo normal com taxímetro pagando 1400RSD (14€) e mesmo assim acho que fui roubado um bocadinho devido a tarifa. No táxi, visto que o gajo não falava inglês, fui obrigado a dialogar em sérvio (ou a tentar) ao que o gajo pergunta-se se sou...da Macedónia! Isto, meus amigos, é uma vitória! É como um estrangeiro ser confundido por um Brasileiro em Portugal!

Depois descobri que há um autocarro, o 72, que passa no aeroporto mas não na parte das chegadas. Ora bolas!

25 de agosto de 2010

Àgua

Ultimamente tenho pensado bastante na temática da àgua, mais concretamente no negócio da àgua engarrafada.

Quando era puto não tinha problema nenhum em ir a um café e pedir um copo de àgua, porque pura e simplesmente tinha sede. Tal como, várias vezes, o grupo ia aos vizinhos pedir para beber àgua da mangueira deles.

Hoje em dia pede-se àgua e vendem-os uma garrafa de àgua. A 1€ ou mais se for preciso. Vamos a um restaurante e bebe-se uma garrafa de litro.

Isto para mim sempre foi natural, queres àgua compras. Até começar a viajar.

Em Londre, num restaurante, pede-se àgua e podem dar um jarro de àgua da torneira. Em Novi Sad idem idem. Em muitos outros sitios também, geralmente até perguntam se o cliente quer engarrafada ou da torneira. É certo que em muitos cafés em Portugal está lá sempre o jarro e copos para quem quiser beber um copo de àgua. Tal como se pede um copo de àgua quando se bebe um café.

Quando estive em Lisboa andei muito a pé pois não tinha passe mensal dos transportes. Depois de ter comprado uma garrafa de àgua ao roubo de 1.10€, pensei que a conseguiria encher facilmente nos bebedouros públicos. Pensei mal. Hoje em dia os bebedouros públicos estão todos desligados.

Hoje em dia já faço questão de num restaurante pedir um jarro de àgua da torneira! A àgua é um bem público, livre e grátis! Antigamente existia uma rede de bebedouros e fontes públicas onde as pessoas enchiam os garrafões e cantaros com boa àgua! A nossa àgua de canalização é excelente!

Eu em casa só bebo àgua da torneira e nunca morri! Porque é que temos de estar a pagar por um bem que está facilmente à nossa disposição?

Para isso deixo-vos este video que explica todo o negócio da industria da àgua engarrafada.


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