12 de agosto de 2011

29 de abril de 2011

Crónica A Barca: Kosovo

Kosovo

Não quero aqui falar sobre a questão da declaração de independência do Kosovo, quem tem razão ou não, se deve ser suportada o não. Quero falar da minha experiência quando visitei o Kosovo o ano passado em Outubro numa visita de estudo de uma organização Sérvia. Como tenho referido, as fronteiras físicas do Kosovo não coincidem com as fronteiras demográfica, contendo quase 90% de população albanesa e quase 10% de sérvios (concentrada no norte), para não falar de bósnios e turcos. Isto pode ser visto pelo país, onde há uma mesquita há uma igreja ortodoxa, onde há uma bandeira do Kosovo há uma bandeira da Albânia ou, no caso do norte, bandeiras Sérvias. Por exemplo, quando Hillary Clinton recentemente visitou o Kosovo, pediu para retirar as bandeiras albanesas por onde a comitiva passaria. No Kosovo visitámos a capital, Pristina, e Prizren. Em Prizren, uma cidade tri-cultural, as línguas oficiais são Sérvio, Turco e Albanês, ouvindo as três línguas facilmente pelas ruas onde as pessoas podem dialogar na língua que se é mais confortável para a situação.

As palavras para definir Pristina é caos e pó, tudo está em construção, o ordenamento da cidade e a construção ilegal são grandes problemas. Embora Pristina tenha 98% de população albanesa, não existem problemas em falar sérvio tanto que  a maioria da população acima dos 25 anos é bilingue, falando albanês e sérvio, devido ao Kosovo ter pertencido à Jugoslávia e Sérvia. A situação é pacífica e não há problemas de represálias só por se falar sérvio, algo que muitos dos sérvios que me acompanharam tinham receio e de fazer. O grande objectivo da visita de estudo foi mesmo este, desmistificar estereótipos e preconceitos que muitos sérvios e albaneses do Kosovo têm acerca uns dos outros. Antes desta visita, o grupo kosovar tinha visitado a Sérvia onde experienciaram a mesma situação e surpresa, de que é possível falar albanês nas ruas de Novi Sad ou Belgrado sem problemas. Só através do diálogo e partilha de experiências é possível transformar este conflito.

Crónica A Barca: Resistência

Resistência!

Otpor! (Resistência!) foi um movimento juvenil pacífico que teve um papel decisivo na queda de Slobodan Milošević em Outubro de 2000. Com início no movimento estudantil, em 1998, após os bombardeamentos da NATO, devido à guerra do Kosovo, a Otpor começou uma campanha política contra Milošević resultando na prisão de quase 2000 elementos, muitos dos quais foram agredidos. Durante as presidenciais de 2000, lançaram uma campanha que resultou na descredibilização de Milošević levando à sua derrota, na chamada “Revolução de 5 de Outubro”.

A Otpor baseou-se, e recebeu treino, no trabalho de Gene Sharp sobre resistência não-violenta, que diz que o poder não está na mão de quem comanda mas sim de quem obedece, ou seja, caso não exista obediência de um povo o seu líder perde o poder, cabendo ao povo reconhecer que detém o poder. Sharp indica vários passos e estratégias de como efectuar uma resistência pacífica, inspirando vários movimentos e revoluções pelo mundo fora.

A Otpor foi um de primeiros movimentos deste género na Europa de Leste seguindo-se da Geórgia, Ucrânia, Quirguistão e Bielorrússia. As revoluções Tunisina e Egípcia também seguiram o trabalho de Gene Sharp, tendo recebido treino da Otpor, com resultados que podemos observar.
De referir que a Otpor acabou por desaparecer após a queda de Milošević pois não conseguiram catalisar o seu sucesso e apoio numa posição ideológica e política. No fundo, era claro o que a Otpor lutava contra mas ninguém sabia o que eram a favor após a queda do regime.
Fazendo um paralelo com a situação actual em Portugal, é com muito agrado que vi a manifestação apartidária de 12 de Março ocorrendo uma forma totalmente pacífica mas penso que a solução não é ser do contra mas sim criar algo concreto que possamos suportar para melhorar a situação do país. Felizmente, ao contrário dos correntes regimes árabes que estão a sofrer revoltas, temos liberdade e ferramentas democráticas ao nosso dispor para demonstrar a nossa opinião, discutir e criar ideias.


22 de março de 2011

E dizem os outros

Hoje na aula de Sérvio perguntaram-me como era a situação em Portugal em relação à fuga de jovens, prefiro muito mais a expressão em inglês "Brain Drain". Digo que há Brain Drain em relação a licenciados, que o escoamento das faculdades/universidades é maior do que o mercado de trabalho absorve em várias profissões.

Pedem-me um exemplo e respondo enfermeiros. Enfermeiros, perguntam muito espantados! Como é possível?
Pois, há muitos a estudar e poucos a entrar no trabalho, o aumento da idade da reforma também ajuda um bocado.

Mas a culpa, dizem-me, é do governo que permite tanta gente estudar enfermagem. Pois é, digo eu....

21 de março de 2011

Dark Ages

Dark Ages, é a época temporal geralmente designada entre a queda do império Romano e o Renascimento. Foi caracterizada por uma decréscimo da intelectualidade, das ciências e filosofia, reino do Igreja Católica Romana, da Inquisição, do medo e da superstição.

Para mim, no século 20, esta época corresponde aos anos 80. Situando entre os grandes anos 60/70 e anos 90, os anos 80 foi horrível. Música horrível, estilo horrível: têm todos o mesmo estilo de cabelo e roupa, parecem-me sempre iguais e cinzentos.

Sim, estou a generalizar. Em termos de cinema há muita coisa boa (bom, não assim tanta) e na música também. Mas não apagam a horrível imagem dos anos 80.

Dia D

Esta quarta-feira será o dia D para Portugal.

Dia D, de Desgraça. Porque seja qual for o resultado, será sempre mau.

20 de março de 2011

Em relação aos Oscares...

...tenho a dizer que preferi o Black Swan ao The King's Speech.

13 de março de 2011

Manif 12 de Março

Primeiro quero dizer que subestimei esta manif e que os número ultrapassaram em muito o que eu esperava. E por números vou para, talvez, os da PSP que falam em 100mil e não os da organizam que falam em 200mil. Já se sabe que quem organizar tem de inflacionar, mas por outro lado, só vi o que vi pela RTPN e não estive lá. Já li quem disse que nunca viu tanta gente junta em Lisboa. Mas destaco também os 50 ou 60mil do Porto e 6mil de Faro.

Mas o meu erro foi só ter pensado em quem clicou no Facebook, esquecendo-me de quem nem sabe o que é o Facebook. Porque esta manif não foi dos jovens, foi de toda a gente. Estiveram lá todas as faixas etárias, de todos o espectro politico, cada um com a sua razão e grito de guerra. No fundo, esteve lá o saco todo.

Deu para ver que a população em geral está cansada e descontente. Também deu para ver que é possível a população vir à rua e manifestar-se, dar uma lufada de ar fresco ou uma injecção de motivação e confiança. E devido a isso, estão todos de parabéns.

Tal como disse antes, os organizadores quiseram-se manter o mais neutro e politicamente correcto, não alinhando em nada especifico, querendo atrair o maior número de gente. E nada contra. Quem tá descontente, seja que razão for, que vá para a rua gritar. Mas por outro lado, quando me perguntaram sobre o que era a manifestação...não soube responder. Porque cada pessoa/grupo tinha um cartaz a dizer algo diferente. E mais uma vez, porque não? Até aqui tudo bem.

Agora o que não compreendo é ver cartazes a dizer "Sócrates para a rua" ou "Cavaco dissolve o parlamento". Cavaco este que tomou posse há dias. Onde andavam estas pessoas todas quando foram as eleições para o Cavaco? Quantos votaram nele? Quantos se abstiveram? E no Sócrates? Que eu saiba ele está no seu segundo mandato. 56% de abstenção é muito. Não é a pedir todos para a rua quando não se usa as ferramentas ao nosso dispor que isto muda. E não digam que não há alternativas, porque as há.

A precariedade existe e há coisas a mudar. Estágios não-remunerados são uma aberração e deviam ser proibidos por lei. Falsos recibos verdes são um cancro que é preciso acabar.  Que os impostos estão altíssimos e em todo o lado, que o nível de vida está cada vez pior. Que os cortes nos direitos não param de acontecer.

Mas também é verdade que é muito difícil despedir em Portugal. Que não existe o conceito de meritocracia. Que ter um curso superior não é sinonimo de ter um emprego e o desemprego está muito alto. Que a participação activa e politica dos jovens é mínima.

E agora, o amanhã? O que vem a seguir, qual é o projecto? Quais as propostas ou ideias? A onda morre? O povo saiu à rua, mas com que propósito e a pedir o que? Quem coordena?

Basta sair à rua para a Geração à Rasca tornar-se a Geração Desenrascada?

Uma coisa é certa: Quem de certeza ficou a ganhar hoje foi o Bairro Alto.

10 de março de 2011

Geração à Rasca II

E os jovens?

É correcto um jovem entrar num curso, que sabe à priori que muito dificilmente terá emprego, e queixar-se no fim do curso que tá desempregado? Estudou alternativas de curso ou emprego?

É correcto um jovem que acaba um curso e volta para casa dos pais, queixar-se que não tem emprego porque na zona onde reside não existem empresas, mas que não se quer deslocar para onde existem?

É correcto um jovem entrar num curso com notas baixas, ou até negativas, acabar com média baixa e em mais anos do que o ideal e queixar-se que não tem emprego? Que não aproveitam as suas capacidades?


É correcto os jovens não quererem participar em actividades paralelas, terem um papel activo na sua comunidade local, pertencer a organizações associativas ou culturais? não terem espírito empreendedor, arriscarem no seu próprio negócio (entro nesta categoria)? Ou não trabalhar em outras áreas que não a sua de estudo?

Emigração

Também muito se fala da fuga de licenciados, que é um problema que se tem de prevenir, que os jovens estão a fugir. Errado. Quem foge é quem é esperto! Vivemos num mercado europeu! Se não há emprego em Portugal, há num dos vários países da Europa (ou União Europeia para facilitar obter emprego)! Do ponto de vista do jovem, não é problema nenhum, é uma vantagem. E no entanto, muitos jovens, provavelmente derivado da mentalidade fechada que Portugal ainda tem, não encaram esta possibilidade. Um jovem que trabalhe no estrangeiro, seja por quanto tempo for
  • Tem mais ofertas de emprego pois o mercado é muito maior
  • Quase de certeza que será mais bem pago
  • A experiencia profissional que se ganha é muito superior
  • E a experiencia pessoal e de vida...não tem comparação
  • Provavelmente será muito mais valorizado pelo patrão
 E choca-me, irrita-me, desespera-me, ouvir muito jovem, pura e simplesmente, não querer arriscar e deslocar-se para o estrangeiro. É com 40 ou 50 anos, família e filhos que fará isso?

Reportagem SIC Geração à Rasca e Exemplos

Houve uma reportagem da SIC que deu muito que falar, com alguns exemplos de jovens licenciados sem trabalho ou com trabalho precário.

Exemplo 1: Uma rapariga que estudou nos USA (qualquer coisa de comunicação social), volta para Portugal, não arranja emprego na área, tem de trabalhar em 3 empresas a dar aulas de inglês e ganha 1000€. Espera aí...qual é o problema dela? Tem trabalho, ganha o dobro do salário mínimo nacional. Ah, é por andar de transportes públicos em Lisboa? Por não trabalhar na sua área? Pelo que vejo esta rapariga desenrascou-se muito bem!

Exemplo 2: Um recém-licenciado de Cinema que vive em casa dos pais e mostra os prémios que ganhou em Portugal e na...Sérvia. Eu conheço um gajo que estudou cinema e quer ser realizador (já o é, a custo próprio) e teve de ir...para os USA porque diz que em Portugal, pura e simplesmente, não há emprego. E ele também tem prémios! Vão-me dizer que este jovem da reportagem não sabe isso, sendo do mesmo meio? Com prémios internacionais está a fazer o que a viver em casa dos pais?

Conheço gente que ao não encontrar trabalho em Portugal, virou-se para o estrangeiro e foram trabalhar para fora., sendo agora profissionais de sucesso, qualificados e a ganhar muito mais do que se estivessem em Portugal. Conheço gente que foi obrigada a trabalhar em áreas totalmente opostas aos seus estudos (se não arranjo trabalho no que quero, arranjo noutro sitio) e descobriram uma nova vocação. Conheço gente que lançou o seu próprio negócio. Gente que tem dois empregos.Conheço quem esteve 2 anos sem salário para poder fazer o que gosta. Conheço quem é freelancer e trabalhou muito para chegar onde está e ter nome.

Mas também conheço gente que não procura trabalho, ou que recusa trabalho porque é muito longe. Gente que acha que deve ter emprego à porta de casa. Gente que quer algo muito especifico, logo está desempregada. Gente que dá o emprego por garantido. Gente que acabou curso com médias ridículas e não consegue arranjar trabalho. Gente com cursos que ninguém conhece e que não fazem sentido em Portugal. Gente que não aposta em si. Gente que tem subsidio de desemprego e não aceita as propostas de trabalho do centro de emprego. Gente que acredita que deveria ter subsidio de desemprego só porque sim. Gente que, só por ter um canudo, acha que tem direito a um emprego e bem pago!

Geração à Rasca I

Muito se fala da Geração à Rasca e da manifestação auto-organizada. (Página da Manif no FB) (blog).

Primeiro que tudo, um disclaimer. Não estou contra qualquer movimento popular ou civil e, principalmente, auto-organizado. Quem está descontente, manifesta-se, que vá para a rua. Ver uma manifestação destas ganhar força e números sendo organizada por jovens, apartidária e pura e simplesmente espontânea, é algo que é único em Portugal e deve ser encorajado. Estou bastante curioso para ver o que vai acontecer no dia 12 de Março e quantas pessoas lá estarão. Mas, aconteça o que acontecer, será sempre uma vitória. Se estivesse em Portugal, iria ao protesto. Mesmo que seja apenas um protesto contra a precariedade. Mas existem coisas de que não concordo ou gostaria que fossem feitas de forma diferente.

Agora, o que está a acontecer? 
Infelizmente, temo que muito do que gira à volta desta Manif, e da situação dos jovens licenciados em geral, esteja a sofrer um hype pelos média. Temo também que os números estejam inflacionados pois é muito fácil clicar num botão no Facebook. Os próprios autores da Manif referem isto em entrevistas, já o li. É bom ver que as pessoas que estão por detrás disto tenham os pés bem assentes na terra. Também temo que, devido a estas razões, não se esteja a tirar partido deste movimento da melhor forma (falando com total ignorância do que eles querem fazer), seja das reivindicações ou do que vão apresentar em papel ao governo. Porque se o movimento não for aproveitado, a onda morre sem se obter nada. Gostaria muito que isto não acontecesse.

Mas e o panorama social?
Mas também sou da opinião de que muito que se fala, por exemplo naquela reportagem da SIC "Geração à Rasca", não tem razão de ser e os jovens poderão estar a exagerar um pouco (a informação que chega ao publico geral também é manipulada e exagerada pelos média).

Está certo que o desemprego está alto e que grande parte deste desemprego são licenciados. Mas primeiro, o desemprego está alto. Mas o desemprego está alto em todo o lado! Dados do INE dão:
  • 11.1% de taxa de desemprego
  • em que 22.4% são jovens dos 15-24 anos
  • e destes 27% com ensino superior.
  • Média da UE a 17 é de 9.9%
  • Média da UE a 27 é de 9.5%
  • Portugal está em 9º lugar dos 27!
  • Já agora, os USA têm 9.0%!
Ou seja, não estamos assim tão mal, isto está mau para todos! Não é desculpa mas Portugal nunca poderá ter taxas de desemprego a 5%, por exemplo. Se estivermos sempre na média europeia, é bom, se conseguirmos estar abaixo da média europeia esse dia deverá ser feriado nacional! Não somos (nem nunca fomos) dos melhores mas esta mania de que somos a Albânia da UE tem de acabar, há que ser realista.

Por outro lado, esta geração é a primeira geração a tirar um curso superior porque quer, ao contrário dos nossos pais que tiravam um curso superior porque podiam. É a geração em que o ensino superior foi generalizado e aberto a todas as classes sociais. Só que chegou ao outro extremo, basta acabar o 12º que se tem (ou tinha) basicamente entrada no ensino superior. Tive muito colega que entrou com 8 ou 9 valores no exame nacional de matemática, ou seja, chumbaram no exame de matemática mas entraram num curso. Chumbaram e foram recompensados por isso!

Foi também na minha altura que os cursos profissionais morreram, felizmente já voltaram. Ou seja, ou era ensino superior ou obras ou tropa. Foi também altura em que a proliferação de cursos e de vagas cresceu, havendo curso para tudo e para todos.

Mas existe algo que se chama mercado e algo que se chama lei da oferta e da procura. Se o número de postos de trabalho numa determinada área é X e o número de cursos para esse trabalho é maior que X, o que acontece? Simples, não é possível escoar todos esses recém-licenciados, originando desemprego.

Sim, temos desemprego nos recém-licenciados mas também temos mercados mais que saturados em várias áreas de trabalho sem que o número de vagas para esses cursos diminua ou o numero de recém-licenciados diminua. Existem jovens, hoje, a entrar para um curso que sabem à priori que não há trabalho para o seu curso. E aí não há milagres! Quem deve ditar isto? Os jovens, o mercado, as universidades, o governo?

Sim, concordo que exista um problema de recibos verdes. Um recibo verde é para eu declarar actividade temporária ou paralela. Tenho uma banda e recebo pagamentos, faço um projecto informático para o vizinho, ou um negócio meu. Não é para trabalhar 5 anos numa empresa sem direito a subsídios ou férias. Uma empresa pode ter um empregado a tempo indefinido a recibos verdes sem ser obrigada a oferecer contracto após X tempo. É correcto? Claramente a empresa quer esse trabalhador.

9 de março de 2011

Homens da Luta e Festival da Canção

Os Homens da Luta ganharam a final nacional do Festival da Canção. Óptimo, era isso mesmo que queria. Mas nunca pensei que incomodassem tanto, ao ponto de meio mundo blogo-social falar nisso, ao ponto de serem apupados no teatro e metade da plateia ter ido embora.

Embora o Festival da Canção seja uma vaca sagrada em Portugal, juntando-se num, de muitos, sonho de que um dia ganharemos o Festival da Canção (que, tal como os outros, nunca irão acontecer) acho que as pessoas também têm noção de que a qualidade de pseudo-artistas que temos enviado nos últimos anos é vergonhosa.

Portanto, em vez de ir o rapaz/rapariga bonita que canta uma canção, em português, toda bonita e o camandro...irem os homens da luta, que, embora como música não seja grande coisa, seja um momento diferente e com uma mensagem,e porque não. Eu até gosto deles.

E para aqueles que dizem que vamos ser envergonhados e ai jesus o que vão os estrangeiros pensar, aviso já que os estrangeiros também não querem saber do Festival da Canção para coisa nenhuma, enviando cada país o seu momento/palhaço diferente, pois o Festival da Canção tornou-se numa palhaçada. Mas, também digo que em vez os estrangeiros pensarem mal (que sim, o que os outros pensam é que é importante), acredito que ficarão curiosos e admirados, que afinal os tugas até têm tomates. Ou caso não se lembrem, a Finlândia ganhou com uma banda de Rock pesado.

Mas não, os Homens da Luta não vão ganhar, a RTP não tem dinheiro para organizar um Festival da Canção, muito menos à conta dos Homens da Luta.

4 de março de 2011

Lara: 2 meses

Antes de tudo, um bebé aprende a babar-se com esta idade, parece o meu boxer!

Bom, este mês é caracterizado por desenvolvimento motor. Com esta idade eles descobrem o que é ter braços, deixam de sentir que o corpo e o que os rodeio é um só, conseguem percepcionar melhor diferentes sensações. Começam a tentar controlar os braços, ao inicio com movimentos errático, a tentar agarrar mas a falhar completamente o objecto, a dar pontapés para o ar, etc etc.

Começam também a vocalizar sons e a sorrir voluntariamente. Começa-se a notar diferentes sons e choros consoante a disposição: o choro da fome, o choro de aborrecimento, o choro de estar com sono, o choro de estar rabugenta, o choro de chorar porque sim. Há os sons de estar contente, os sons de estar chateada, os sons de estar a chamar atenção.

E pela primeira vez começam a ganhar sentido de independência e a gostar de estarem sozinhos a ver os bonecos ou o mobile. O mobile, que é aquela treta que é pendurada no berço e roda e que não sei outro nome, é o momento alto deste período. Fica a olhar para os bonecos como se fosse a melhor coisa do mundo, umas ovelhas e uns pintainhos pendurados no ar a roda. Que espectáculo!

E começam a dormir mais durante a noite, sendo, até agora, o recorde de 8 horas seguidas, com uma média de 6 horas. A parte de dormir à noite não me posso queixar de forma nenhuma.

E já dominam completamente a cabeça e o pescoço, conseguindo olhar em frente e segurar a cabeça...para ver televisão.

The Wonder Weeks

O livro que temos seguido para o primeiro ano de vida da Lara é o The Wonder Weeks.

Antes de explicar a filosofia, gostaria de dizer que fiquei muito admirado quando o meu pai e a minha mãe, que não caminham para novos, reconheceram o nome dos dois autores (que são um casal). Logo não é nenhum mambo-jambo new age com teorias novas. É algo já com alguns anos.

A filosofia do desenvolvimento da criança é simples: O bebé passa por várias etapas em que efectua saltos de desenvolvimento, ou seja, o desenvolvimento não é continuo. Nestes saltos, para além de ganharam novas capacidades (seja motoras, cognitivas ou sensoriais), é também quando o bebé está mais confuso, irritado, difícil.

Imaginem que são um bebé que nasce com uma visão diferente da visão de um adulto. Ao inicio não se reconhecem bem as cores (se é que se reconhece de todo, penso que até vêm só preto e branco), não conseguem focar objectos que estão longe, vê-se tudo nublado. Tipo cão. De um momento para o outro essa visão sofre um upgrade, de repente reconhece-se cores, foca-se objectos, vê-se mais nitidamente. Qual seria a vossa reacção?

Provavelmente entrar em pânico pois é todo um novo mundo à nossa volta,  toda uma nova quantidade de informação que o nosso cérebro tem de processar e interpretar que antes não conhecia. É a confusão total! O que é que um bebé faz? Chora, claro. Quer estar em contacto com a mãe, ser acalmado, etc etc. Até o bebé conseguir dominar estas novas capacidades, vai passar um período difícil. Quando, finalmente, domina, então o bebé explora todas essas novas capacidades, demonstrando aos pais o que consegue fazer de novo.


E o ciclo continua, depois de um ciclo calmo o bebé obtém novas capacidades o que implica um novo período de confusão.

O que significa isto para os pais? Significa que quando o bebé passa um dia inteiro a chorar e a pedir colo, ele na verdade está a lutar para dominar uma nova capacidade, que está numa fase de desenvolvimento, e que este bebé deve ser apoiado e acalmado em vez de se achar que é um bebé mimado ou difícil e deixa-lo na cama a chorar.

25 de janeiro de 2011

Lara: 1 Mês

Agora que a Lara fez recentemente 1 mês de idade, lembrei-me de colocar algo no blog sobre a experiência e a desmistificar alguns mitos, ou não.

Um bebé recém-nascido tem um horário e uma actividade muito simples: 6 ou 7 mamadas por dia, 16 horas (ou mais) a dormir, cocó, chichi e berrar. Acabou, é isto.

E quando digo berrar, é mesmo berrar. Um bebé recém-nascido quando está acordado, não está acordado a olhar e a falar e, acima de tudo, calado. Chora. Estar acordado é igual a estar a chorar. Um bebé quando nasce tem os sentidos todos a funcionar (bom, mais ou menos) mas não os consegue diferenciar entre eles. É uma mistura de sensações e experiências todas ao mesmo tempo. Um recém-nascido não consegue diferenciar ele próprio do mundo que o rodeia, o seu corpo e o que o rodeia são interpretados como sendo a mesma coisa.

Isto leva aos pais dizerem que o bebé tem cólicas. O que são cólicas? Cólicas é tudo. Ninguém sabe o que provoca as cólicas e como aparecem e como as parar. Cólicas é usado para quando os pais não fazem puto de ideia o que o bebé tem. Está a chorar e já se tentou de tudo? São cólicas.

Existem vários produtos no mercado para ajudar as cólicas e realmente ajudam. Depende de bebé para bebé. Se são gases ou dificuldade em fazer cocó ou outra coisa qualquer. Mas não custa nada experimentar.

Chucha. O tão polémico objecto. Ah e tal, não se pode dar chucha porque o bebé fica habituado e depois não larga. Não larga se os pais não quiserem. Uma coisa é um bebé com 3 anos de chucha e outro é um recém-nascido de semanas. A chucha serve para o bebé usar o reflexo de mamar, e muitas vezes dar a chucha ajuda nas cólicas ou no choro do bebé. Não tem nada de mal.

Tal como não tem nada de mal pegar o bebé ao colo. Há outra mania de dizer que o bebé é mimado e que se deve deixar o bebé chorar. Estupidez. Mais uma vez, uma coisa é dar ao colo a um bebé de 3 anos quando faz birra e outra é dar ao colo um bebé de semanas. O recém-nascido precisa de ser agarrado e acarinhado sempre que quiser. Ser agarrado faz-lhe lembrar o útero (quente e que o rodeia) e encostar a cabeça do bebé ao peito fá-lo ouvir o bater do nosso coração, tal como ouvia no útero. O bebé chora, logo pega-se ao colo. Um bebé recém-nascido é impossível de ser mimado, apenas se satisfaz a necessidade do toque e calor humano e contacto com a mãe.

Leite. Talvez não em Portugal, mas aqui houve muita pressão para amamentar. Ora isso depende da quantidade de leite da mãe e de quando esta começa a amamentar. Não tem mal nenhum dar a comida artificial, caso seja necessário, em conjunto com a amamentação. Óbvio que amamentar é importante e o bebé obtém anticorpos através do leite materno. Mas às vezes, por várias razões, não é possível amamentar. Por outro lado, todas as mães têm leite após o parto.

Bitaites. Quando se é pai toda a gente dá o seu bitaite e o seu conselho. Um conselho: ignorem isso. Os pais é que sabem o que estão a fazer e o que é melhor para os eu filho. No primeiro filho é óbvio que centenas de dúvidas irão aparecer, logo é muito fácil minar a autoconfiança dos pais, principalmente da mãe. Mas a mãe necessita de estar calma e em paz, nem que seja para ajudar a amamentação. Uma mãe em stress prejudica a quantidade de leite e o processo de amamentação.

E nem vou aqui falar de outras situações ridículas, como o mau-olha, por exemplo. Felizmente aqui não existe essa mania.

E para finalizar, eu sei do que estou a falar. Existe uma grande vantagem em ter uma mãe pediatra!

15 de janeiro de 2011

A aversão humana à mudança

Recentemente um astrónomo, de nome Parke Kunkle, veio a publico dizer que os signos do Zodíaco estão errados.

Usando dados do seu trabalho, disse que a posição da terra em relação às estrelas é diferente do que era à 2000 anos logo os signos de hoje em dia têm as datas erradas e propôs um 13º signo, signo da Serpente.

E foi pura e simplesmente isto que ele fez, alertou para algo que ele acha que está incorrecto.

O que aconteceu?

Esta noticia espalhou-se de forma viral. Aqui tudo bem. O problema é que foi espalhada assumindo que os signos realmente mudaram. De um dia para o outro.
Em vez de dizer "Um gajo diz que os signos estão errados", foi dito "Os signos estão errados e mudaram".

A Internet e as redes sociais fervilharam de comentários. Saiu em tudo o que é jornal e site de noticia.
As pessoas começaram a comentar que não podia ser, era ridículo, o meu signo é o meu e não mudo e não quero saber. Mas ninguém parou para ler com olhos de ler e ver que entrou tudo numa histeria sem jeito nenhum.

Primeiro ninguém mudou coisa nenhuma. Pergunto-me quem controla os signos, que comissão ou instituição é responsável por certificar os signos! Segundo estamos a falar de algo que nem é factual ou material. Não estamos a falar de mudar as horas do dia ou mudar de Escudo para o Euro. Se realmente os signos mudassem, nada na nossa vida normal mudaria.

Terceiro, eu tenho a teoria que o ser humano tem aversão à mudança. Aversão a ter de mudar o conceito de algo que dá por garantido. Eu que dou por garantido que sou Leão (seja lá o que isso signifique) não consigo assimilar que, dum dia para o outro, passo a ser Balança. Logo não quero essa mudança, sou contra ela. E digo a brilhante frase, também usada no Acordo Ortográfico, "sempre fui Leão portanto vou continuar a ser. Eu cá não mudo".

Mas no fim de tudo, o pobre Parkel Kunkle ficou bastante admirado e só disse que apenas queria realçar que nos baseamos em algo que, neste momento, não é verdade. Ou seja, que damos por garantido algo que não é.

3º Artigo d'A Barca: Religiões

Aqui vai o terceiro artigo:



Religiões

Segundo os censos de 2001, cerca de 85% da população portuguesa considera-se católica. Historicamente, devido ao D. Afonso Henriques ter conseguido o reconhecimento da independência de Portugal pelo Papa Alexandre III, na bula Manifestis Probatum, tornando também Portugal um estado vassalo da igreja católica. Juntando a isto a Inquisição a existência do Santuário de Fátima e a ligação privilegiada da Igreja com Salazar, é fácil perceber que só existe uma religião em Portugal.

Os Balcãs, sendo uma região multicultural, apresentam também um panorama multi-religioso, onde encontramos Igreja Ortodoxa (Cristã), Igreja Católica e Islão. A igreja ortodoxa encontra-se maioritariamente na Bulgária, Grécia, Sérvia, Macedónia, Montenegro, Roménia e Sérvia. A igreja católica encontra-se maioritariamente na Croácia e Eslovénia e o Islão no Kosovo, Albânia e Bósnia. De notar que as comunidades judaicas nos Balcãs são das mais velhas da Europa, tendo sofrido bastante na segunda guerra mundial.
Por exemplo, em Novi Sad encontram-se em volta do centro da cidade a principal igreja católica, ortodoxa, a sinagoga e a mesquita, embora a sinagoga não seja usada para eventos religiosos mas sim para eventos culturais. A título de curiosidade a Teresa Salgueiro efectuou um concerto na sinagoga de Novi Sad a 18 de Setembro do ano passado.

Estas diferenças notam-se na celebração do Natal e Ano Novo. O Natal Ortodoxo é a 6 de Janeiro, no dia de Reis, e o ano novo a 14 de Janeiro, pois a Igreja Ortodoxa segue o calendário Juliano e não o calendário Gregoriano que é seguido pela Igreja Católica. 

Embora a Sérvia seja um estado secular, a influência da Igreja Ortodoxa na política e sociedade continua a ser enorme, notando-se bem nos ataques efectuados durante a primeira parada Gay Pride, executada com sucesso, a 10 de Outubro de 2010 onde 6000 manifestastes anti-gay colidiram com 5000 elementos das forças policiais destacados para proteger a parada.

2º Artigo d'A Barca: Identidade Nacional

Penso que me esqueci de postar o segundo artigo que fiz para A Barca. Aqui vai:


Identidade Nacional

O tratado de Alcanizes foi assinado por Fernando IV, rei de Leão e Castela, e D. Dinis em 1297, fixando as fronteiras entre Portugal e Espanha. Este tratado torna Portugal um dos países com fronteira mais velha da Europa. A última vez que a fronteira da Sérvia foi alterada foi em 17 de Fevereiro de 2008 com a declaração de independência do Kosovo. Com isto quero demonstrar as diferenças entre os conceitos de naturalidade, cidadania e etnia, pois uma pessoa nascida em Portugal é portuguesa (embora só há pouco tempo o direito de solo se aplica a estrangeiros) e uma pessoa nascida na Sérvia pode ser tudo menos Sérvia. O que significa isto?

Portugal tem menos de 4% de imigrantes. Na Sérvia 86% da população é de etnia sérvia entre várias etnias. A província de Vojvodina, da qual Novi Sad é capital, contém apenas 65% de população sérvia contando com mais de 25 comunidades étnicas. A diferença é que aqui não se trata de imigrantes ou estrangeiros, mas de população que é natural e cidadã da sérvia mas com uma identidade étnica diferente, considerando-se húngaros, bósnios, albaneses (ou seja, países existentes) ou roma, bunjevci, jugoslavos, gorani ou apenas muçulmanos (simplesmente grupos étnicos).

Devido à geografia dos Balcãs, aos vários impérios (austro-húngaro e otomano) e conflitos passados, a sérvia sempre foi um entroncamento étnico e de fixação de populações. Estas características levam à necessidade de protecção e representação destas comunidades étnicas, onde, por exemplo, em Vojvodina, existe um parlamento e um ministério das minorias étnicas. Um exemplo: quando estava a discutir bolos típicos de cada país pedi a um rapaz para me dizer um bolo típico sérvio e ele respondeu, para minha admiração, que era a pior pessoa para responder pois era húngaro. Na verdade ele é um cidadão da sérvia mas sente a sua identidade pessoal como húngara.

Até recentemente, em Portugal, filhos de imigrantes tinham o direito de sangue, ou seja, descendentes de Angolanos, por exemplo, de 2ª e 3ª geração, que se sentiam portugueses e nunca  foram a Angola, não eram considerados portugueses.

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