22 de março de 2012

1984 - George Orwell

Visto que tinha acabado de ler todos os livros, existentes, da série Ice and Fire do George R.R. Martin, ou mais conhecido por, Game of Thrones, embora Game of Thrones é só o nome do primeiro livro, bom, isso agora não interessa para nada.

O importante é que os li todos e depois...ficou ali um vazio que costuma ficar quando se acabar de ler um livro e não sabia o que ler a seguir. Foi-me recomendado para ler o 1984 do George Orwell (Obrigado Racha!) e assim foi.

Bom, rapidamente se percebe porque é que o 1984 é um clássico, com C maiúsculo, e porque é que aquele livro definiu tanto termo, incluindo o termo Orwelliano.

O livro é fácil de se ler e não é muito grande mas é de uma imensidade fabulosa. A história (não querendo aqui dar grandes detalhes sobre a mesma) é de uma sociedade, por volta de 1984, que é completamente autoritária (aparentemente a palavra é distopiana) em que uma entidade 'O Partido' controla tudo e o mundo está dividido em três super-potencias que estão numa guerra continua. A personagem principal, membro desse partido (a sociedade está dividida em 3 castas) começa a interrogar-se acerca dos motivos e razões desta sociedade.

Tendo em conta que este livro foi escrito em 1949, logo após a segunda guerra mundial, e consegue falar de situações que aconteceram mais tarde (Guerra Fria) e, ainda, tão atuais hoje em dia, facilmente o leitor se sente imerso na história.

Não é um livro que fala da situação comum de um ditador tirano e assassino em que a personagem se rebela e manda o sistema abaixo. Fala de uma entidade sem cara, da divisão social e luta de poder, indo ao ponto de criar uma linguagem própria (A Newspeak) usada para controlar os indivíduos, a censura e o controlo do passado histórico (a eliminação de fontes), o redirecionamento de emoções em relação a um inimigo invisível, a contra-informação, todos estes elementos estão presentes no livro.

Assim que se começa a ler 1984 rapidamente se percebe porque é que é um clássico da literatura

13 de março de 2012

Centro de Emprego

Hoje em dia, devido à subida da taxa de desemprego, ouve-se falar muito do Centro de Emprego e a sua, ou não, eficácia.
A meu ver, as pessoas têm expectativas erradas do Centro de Emprego (CE). Geralmente, do CE espera-se duas coisas
1- Ajudar a encontrar emprego (ou deveria dizer esperar que o CE encontre emprego?)
2- Tratar do subsidio de desemprego

Ou seja, quando um desempregado vai ao CE é por uma destas duas razões, ou ambas. Estou desempregado, tenho de me inscrever para poder obter o subsidio de desemprego e encontrar um novo emprego.

Na minha opinião existem 2 tipos de desempregados hoje em dia (e agora nem vou dizer nada de novo):
1- Desempregados mais velhos (diria acima dos 35 anos) e sem qualificações, o trabalhador não-qualificado
2- O recém-licenciado que não consegue encontrar o primeiro emprego ou encontrar emprego estável, pessoas jovens na casa dos 20 e tal anos e com uma licenciatura, trabalhador jovem qualificado.

Estes dois grupos são completamente diferentes um do outro em termos de tratamento por parte do CE.

O grupo do trabalhador não-qualificado precisa realmente do CE. São pessoas com agregado familiar, contas para pagar e com empregos com baixo salário, por volta do salário mínimo. Estas pessoas precisam realmente do subsidio de desemprego senão entram em enormes dificuldades, dividias e pobreza. Por outro lado, o problema destas pessoas em encontrar emprego é a sua baixa qualificação e idade, contentando-se com "qualquer" emprego. Por exemplo, o casal que trabalhava na fábrica têxtil no norte, ambos foram para o desemprego porque a fábrica fechou e agora uma família não tem rendimento! Precisam do subsidio de desemprego ASAP para sobreviver e, digamos, o homem no fim arranja emprego na câmara municipal e a mulher num restaurante.

O grupo do trabalhador qualificado não precisa do CE. E porque? (consigo ouvir o choque após esta afirmação). Não precisa porque o CE não o consegue ajudar! O CE não consegue ajudar a encontrar emprego a um recém licenciado qualificado porque não sabe o que procurar melhor para ele, isto é, o próprio jovem sabe o que procurar e onde procurar. Não acredito que, por ex, uma empresa farmacêutica não coloque um anuncio de emprego nos locais habituais (internet, jornais, linkedin, a sua própria página) e coloque no CE! Isso não acontece. Para estas empresas o jovem tem de ser pro-activo e ir ao website da empresa e candidatar-se. Se espera que o CE lhe diga "olhe, está aqui esta empresa, é boa para si" esqueçam, quem trabalha no CE não faz puto de ideia.
Depois, o jovem não precisa do subsidio de desemprego (choque outra vez!). É jovem, não tem agregado familiar, ninguém depende dele e, muito provavelmente, vive em casa dos pais.

Um exemplo: um jovem programador informático, é despedido e demorou 2 meses a encontrar emprego. Quando foi despedido (com a devida indemnização após 2 anos a trabalhar na empresa, logo a indemnização não foi pequena) inscreveu-se no CE. O que aconteceu? O CE nunca o contactou e não lhe deu subsidio de desemprego. Este jovem fica muito chocado, como é que é possível?, o CE não serve para nada.

Ora, o CE não faz puto de ideia do que este jovem vale como profissional e o que quer. O CE não sabe que ele procura empresas que trabalhem em Java e não em .NET. O jovem é demasiado qualificado para as pessoas que trabalham no CE. Além disso, as empresas que precisam de programadores colocam anúncios na sua página, na internet, etc, não colocam no CE. Depois, este jovem não precisa do subsidio de desemprego porque, pura e simplesmente, tem dinheiro! Vive em casa dos pais, é solteiro e sem filhos e tem conta bancária para estar desempregado durante um ano. Não precisa do subsidio de desemprego.

Coloco seriamente a questão de se um jovem recem-licenciado desempregado se deve inscrever no CE. Penso que o jovem deverá tentar e ser activo na sua procura de emprego, e, após vários meses sem sucesso, então inscrever-se no CE. O CE é uma espécie de ultimo recurso, sabendo que o jovem só irá obter propostas de emprego do CE que não são relacionadas com a sua área de qualificação.

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