Kosovo
Não quero aqui falar sobre a questão da declaração de independência do Kosovo, quem tem razão ou não, se deve ser suportada o não. Quero falar da minha experiência quando visitei o Kosovo o ano passado em Outubro numa visita de estudo de uma organização Sérvia. Como tenho referido, as fronteiras físicas do Kosovo não coincidem com as fronteiras demográfica, contendo quase 90% de população albanesa e quase 10% de sérvios (concentrada no norte), para não falar de bósnios e turcos. Isto pode ser visto pelo país, onde há uma mesquita há uma igreja ortodoxa, onde há uma bandeira do Kosovo há uma bandeira da Albânia ou, no caso do norte, bandeiras Sérvias. Por exemplo, quando Hillary Clinton recentemente visitou o Kosovo, pediu para retirar as bandeiras albanesas por onde a comitiva passaria. No Kosovo visitámos a capital, Pristina, e Prizren. Em Prizren, uma cidade tri-cultural, as línguas oficiais são Sérvio, Turco e Albanês, ouvindo as três línguas facilmente pelas ruas onde as pessoas podem dialogar na língua que se é mais confortável para a situação.
As palavras para definir Pristina é caos e pó, tudo está em construção, o ordenamento da cidade e a construção ilegal são grandes problemas. Embora Pristina tenha 98% de população albanesa, não existem problemas em falar sérvio tanto que a maioria da população acima dos 25 anos é bilingue, falando albanês e sérvio, devido ao Kosovo ter pertencido à Jugoslávia e Sérvia. A situação é pacífica e não há problemas de represálias só por se falar sérvio, algo que muitos dos sérvios que me acompanharam tinham receio e de fazer. O grande objectivo da visita de estudo foi mesmo este, desmistificar estereótipos e preconceitos que muitos sérvios e albaneses do Kosovo têm acerca uns dos outros. Antes desta visita, o grupo kosovar tinha visitado a Sérvia onde experienciaram a mesma situação e surpresa, de que é possível falar albanês nas ruas de Novi Sad ou Belgrado sem problemas. Só através do diálogo e partilha de experiências é possível transformar este conflito.