21 de fevereiro de 2012

Clichés Tugas

Neste fim-de-semana a professora de portuguesa da minha sogra foi almoçar em casa dos sogros. Uma rapariga nova, mais velha que eu, com 10 anos de experiência de ensino em portugal, esta foi a primeira aventura a ensinar portugues no estrangeiro.

No meio da conversa sobre a atualidade, ela decide falar sobre a situação de portugal, começando a ditar frases feitas e clichés que me irritam pois as pessoas tem de perceber que sao, pura e simplesmente, errados.

cliché 1: Ah e tal, o ministro do emprego veio dizer que os jovens tem de emigrar, e depois o PM veio dizer o mesmo, estão a aconselhar os recem-licenciados desempregados a emigrar. Que, obviamente, isto é mau, eles não podem dizer isto porque...se o ministro está a aconselhar a emigrar então quer dizer que não está a fazer o seu trabalho, ou seja, não está a criar postos de emprego.

O que está aqui mal nesta frase, que provavelmente muitas pessoas concordariam? O que está mal é que se parte do principio que é responsabilidade do governo em criar postos de emprego para pessoas que estão desempregadas! Nada mais errado. Isso era antigamente em que a função pública e o estado eram maquinas de criar emprego, de forma a manter as pessoas empregadas e diminuir o numero de desempregados, era quando o objetivo de qualquer pessoa era trabalhar para a máquina do estado pois isso era, garantidamente, trabalho para a vida (pois pela constituição não é possível ser-se despedido caso se seja funcionário publico). Ora, estamos numa situaçao em que se fazem esforços para diminuir a máquina da função publica! O trabalho no ministro do emprego ou juventude (ou até governo) não é criar postos de emprego! Pode ser criar condições e incentivos para que privados criem postos de emprego, mas, hoje em dia, é o mercado de trabalho que manda, não o estado.

Caso um jovem recem-licenciado esteja desempregado, não deve culpar o estado por não criar condições para ter emprego. Pura e simplesmente (na maior parte das vezes) não tem emprego porque não existem vagas no mercado de trabalho para a sua qualificação! Pode-se culpar o estado de fomentar e investir em cursos que não tem saída, mas não porque não cria emprego. Isso foi, pura e simplesmente, uma má decisão do jovem (que pode não ter culpa pois quando foi estudar o mercado de trabalho tinha vagas mas passado 5 anos já não tinha). E agora, visto que vivemos num mercado europeu e mundial, se não existem vagas em Portugal mas existem em espanha, por ex, o jovem só ganha em se mover para lá!

cliché 2: Ah e tal, estão a incentivar os jovens a emigrar e isso é mau pois perde-se o investimento do país do estudo desses jovens, os jovens vão embora e o pais não ganha nada com isso, fica um país de velhos.

Bom, esta questão do investimento do país nos jovens é relativo. É certo que estudando no ensino publico o estado paga parte dos estudos, isto não é os USA ou UK em que o jovem recem-licenciado tem uma divida para o estado quando acaba de estudar (ou ao banco). Mas por outro lado, se era um investimento então onde está o retorno do investimento por parte do jovem? Que eu saiba ninguém é obrigado a trabalhar de borla ou devolver dinheiro.

Mas o que, para mim, é falso nesta frase é que a emigração de um recem-licenciado é mau para o pais, que não se ganha nada com isso. Errado. O jovem, para além de ter trabalho e ganhar dinheiro em vez de ficar em casa a receber um subsidio e a desperdiçar tempo, também ganha conhecimentos e know-how que de outra forma não poderia ganhar, pois está a trabalhar noutro mercado, noutra cultura. Se um dia esse jovem voltar, terá uma vantagem competitiva que outro jovem que ficou em portugal não terá! Além de que traz os conhecimentos e experiência para Portugal, que de outra forma nao poderia ser trazida. Podem dizer que muitos não voltarão. Certo, é verdade, sou a favor que daqui a 10 anos sejam feitos incentivos para o retorno dos emigrantes. Mas, caso não voltem, não se ganha nada? A cultura portuguesa e a diáspora não contam? A mistura de pessoas e experiências não conta? Já não vivemos no orgulhosamente sós de há 40 anos. O facto de entrarmos no mercado europeu, e aqui entrar é ir trabalhar nele, só traz vantagens. Quem diz que não haverá maior investimento estrangeiro em portugal devido a isto?

10 jovens a trabalhar no estrangeiro fazem mais que 10 campanhas publicitarias com o Ronaldo ou o Mourinho. 10 jovens a trabalhar no estrangeiro, a constituir família, a abrir negócios, fazem mais que 10 jovens desempregados em Portugal a receber subsidio de desemprego. 10 jovens a trabalhar no estrangeiro espalham mais cultural portuguesa, abrem mais mentalidades a portugueses (sobre o estrangeiro) e a estrangeiros (sobre Portugal) que 10 professores ou 10 livros.

Não me interpretem mal, o Passos Coelho é um atrasado mental por dizer algo como o que disse. Mas se em vez de falar, criasse formas de incentivo (financeiros e não só) para procurar trabalho no estrangeiro, canais de comunicação a nível empresarial e educativo, faria muito mais pelo pais. Mas as pessoas também tem de perceber que o mundo mudou, que a nossa escala não é a aldeia onde vivemos, que o caminho casa-trabalho-casa pode incluir uma passagem de avião.

1 de fevereiro de 2012

Frio?

Dizem que há uma especie de vaga de frio em Portugal com...pasme-se, máximas de 12 ou 14ºC! Ok, há temperaturas negativas...de noite.

Eu cá, quando vou apanhar o comboio, às 8 da manhã, levo com -12ºC com vento na tromba que até me vêm as lágrimas aos olhos!

Share