Ontem voltei da grande aventura que foi um intercâmbio juvenil na Turquia do qual fui o líder do grupo da Sérvia, juntamente com 3 raparigas.
O plano era ir de avião, como é habitual, mas à ultima da hora um dos participantes decidiu que não podia ir e, com os bilhetes já reservados, não foi possível cancelar ou alterar a reserva. Assim a ideia foi de ir de comboio, no Balkan Express, que faz Belgrado - Istambul, um dos antigos troços do Expresso do Oriente. Este comboio passa pela Bulgária, em Sofia, antes de se dirigir para Istambul. Após Istambul o plano era apanhar um dos dois comboios possíveis para Izmir.
E assim partimos numa viagem de 24h numa carruagem com as respectivas camas. O como era suficientemente bom, não tenho razões de queixa. Deu para ler o primeiro volume do Discworld, do Terry Pratchett, o que se revelou uma maravilhosa historia fantástica e humorística e que me obriga a procurar pelos próximos volumes.
Após paragem na estação de comboio de Sofia (pelo que vi da estação e das aldeias por onde a linha passava Bulgária é bastante pobre), chegamos à fronteira da Turquia. Após comprar o visto (preço varia consoante o país, Portugal = 15€, Sérvia = 10€, Canadá = 30€) foi-nos informado que o comboio não avançaria mais e que teríamos de fazer o restante percurso de autocarro até Istambul. Ok, tudo bem, assim foi.
Chegamos à estação de comboio de Istambul (bela estação) as 06h30. As bilheteiras abrem às 07h00 o que, em horário turco, significa 07h20. Quando estas abriram foi-nos informado que...não havia comboios durante todo o dia, não trabalhavam, vá-se lá saber porque. A solução então é ir de autocarro para Izmir. Mas onde fica a estação de autocarros?
Aqui é preciso fazer a ressalva que praticamente todos os funcionários de estações de transporte publico que encontrei falavam inglês, mas esta senhora dizia, no seu inglês, que a estação era não sei onde e que era preciso apanhar o eléctrico e o metro e mais não sei o que. Não estava a ajudar muito.
No entretanto um casal um pouco idoso mete conversa connosco, americanos de Florida, só pelo sotaque se notava. O homem sabia um pouco de turco e também queria ir para a estação de autocarros portanto decidimos juntarmos. Enquanto o homem perguntava a várias pessoas, a mulher decide que deviamos...rezar! E ela rezou ao almigthy lord na sua reza americana. Após isso começa a perguntar se somos religiosos (eu cá não!), onde começamos a rezar e a ter fé e pergunta...onde aprendemos inglês. Na escola??
Nesta altura confesso que estava perdido pois não sabia o que fazer. Decidimos ir fora da estação de comboios ver se encontrava-mos alguma coisa. Num quiosque perto comprei um mapa de Istambul e com esse mapa pedimos à senhora da bilheteira para nos indicar como ir à estação de autocarros. Assim foi. Era necessário amanhar um eléctrico e depois trocar para apanhar o metro saindo directamente na estação de autocarros.
A noção de estação de autocarro para os turcos é diferente pois sendo um pais gigantesco, e tendo uma boa rede de transportes, a maior parte do transporte efectua-se de autocarro (e dos bons e modernos). Esta estação de autocarros era gigantesca tenho mais de 100 postos de empresas de transporte, cada uma para o seu local.
Não foi difícil encontrar o posto para Izmir pois existe sempre alguém a perguntar para onde vamos e para direccionar para o posto (na esperança de receber alguma gorjeta). O preço dos autocarros é barato, por uma viagem de 8h para Izmir pagou-se 15-20€.
E aqui se entra no maravilhoso mundo dos autocarros na turquia. Os autocarros, primeiro que tudo, são modernos, 5 anos máximo. Têm TV, som, alguns até internet wireless. Todos os autocarros têm uma pessoa que controla os bilhetes, lugares, destino e...oferece agua, sumos, café, chá, bolos, e o famoso liquido bem-cheiroso para limpar as mãos. Melhor que num avião low-cost.
Quando se diz a um estrangeiro que se é português a conversa é automaticamente redireccionada para o futebol. Não há outra hipótese. No autocarro para Izmir o rapaz empregado diz "Benfica not good, Porto good". Hehehehe.
Chegados a Izmir fomos recebidos pelo pessoal da organização do intercâmbio. Não quero aqui escrever como foi o intercâmbio, os inúmeros problemas de organização que ocorreram e os momentos em que (curiosamente) me tornei impulsivo e assertivo e onde tomei posições.
Apenas posso dizer que todo o intercâmbio foi envolvido nos festejos do dia 19 de Maio, a data de nascimento de Ataturk, o fundador da Turquia e o seu primeiro presidente, que é venerado pelos turcos como herói nacional, data essa que foi transformada no dia da Juventude na Turquia. Nesse dia, por todo o pais, existem festejos e demonstrações desportivas e escolares por parte dos jovens. O grupo do intercâmbio participou nesse festejo, no estádio, perante umas 5mil pessoas, com uma simples dança. Posso dizer que tive a experiencia de me sentir oprimido, tal como se vivesse numa época ditatorial com demonstrações de poder quase-militar e patriótico (nacionalista?), com generais e presidentes da câmara a darem voltas ao estádio numa carrinha, com mais bandeiras turcas por metro quadrado do que quando Portugal foi à final do Euro 2004, com poemas e declarações da vida de Ataturk. Ouvi pessoas a compararem o evento com os eventos de Tito e Ceasescu. O líder do grupo da Roménia, que tem 31 anos, disse que presenciou um desses eventos de Ceasescu quando era novo e que a diferença era mínima.
Na volta o plano era seguir de comboio de Izmir para Istambul (no primeiro dia não trabalhavam mas agora sim) e seguir de comboio de Istambul para Belgrado como na origem.
Em Izmir apanhamos um, bom diga-se, comboio para Bandirma, comboio que demora umas 6h para percorrer uns 300kms. Bandirma é uma cidade que funciona de porto para Istambul existindo um Ferry para fazer a ligação. Assim que chegamos fomos à estação do ferry para obter os bilhetes. O problema é que existem poucos ferrys por dia e estavam todos esgotados! Mais uma vez a única opção é ir de autocarro até Istambul. Após perguntar onde apanhar o autocarro para Istambul fomos a uma pequena companhia de autocarros mas que tinham todos esgotados. Neste momento reparo que um grupo de 3 jovens também queria ir para Istambul e pus conversa com eles na medida de obter ajuda. Eles disseram que tinhamos de ir (novamente) para a grande estação de autocarros e tentar lá e que nos ajudariam. E assim foi. Na estação de autocarros só existia autocarro às 19h30 o que faria com que perdêssemos o comboio internacional que parte às 22h. Sem outra hipotese e após umas sms para a minha namorada um hostel estava reservado em Istambul.
Entretanto só um rapaz do grupo de jovens falava inglês mas ambos eram extremamente simpáticos e gentis. Na ida para Istambul foi necessário esperar uma hora pelo ferry o que fez com que chegássemos a Istambul as 2 da manhã! Ai a única opção seria ir de táxi para o hostel, informação que foi explicada pelo nosso novo amigo ao taxista. A viagem de taxi custou 50TL (25€), o taxista andava um bocado perdido e a perguntar a pessoas onde era o hotel, eu até telefonei para o hostel e pus o gajo do hostel a falar com o taxista mas lá conseguimos chegar ao destino. Claro que num taxi às 2 e tal da manhã em pequenas ruas de Istambul as raparigas estavam completamente apavoradas.
Lá passamos a noite no hostel e de manha fomos à estação de comboios para reservar os lugares no comboio internacional. Lá é nos dito que...o comboio internacional não estava em funcionamento por problemas na linha! Após algumas sms e algumas pesquisas na net (viva o wireless do burger king) descobrimos que tinhamos de ir para Sofia de bus e dai para Sérvia (bom, isto é o caminho que o comboio também faz). Compramos os bilhetes para as 20h30 o que dava tempo suficiente para apanhar o autocarro para a Sérvia às 7h em Sofia.
Passamos o dia a conhecer um pouco de Istambul, a Mesquita Sultan Ahmed (gigantesca e incrível no seu interior), a Hagia Sophia (estava fechada), algumas ruas e comida. Às 7h30 lá saímos do hostel com as bagagens para ir para a estação de autocarros. Neste momento preciso de dizer que o caminho que sempre percorremos anteriormente (Yusufpasa - Aksaray) obriga a caminhar por uma passagem subterrânea e o uma passagem aérea para fazer a ligação da estação de eléctrico e de metro. Devido às malas e às raparigas decidimos fazer o transbordo electrico-metro numas estações mais à frente (Zeytinburnu) mas que tem ligação directa com o metro na estação (mapa).
Ora isto é tudo muito bonito se a diferença de estações de eléctrico não fossem umas 10 estações. Após passar a estação de Yusufpasa apercebi-me imediatamente que o tempo seria muito curto, se não impossível, e comecei a ficar preocupado seriamente. Neste momento todos nós olhamos para a nossa direita e vemos...o rapaz que nos ajudou em Bandirma. Lá estava ele, impávido e sereno, cumprimentou-me com 2 beijos (tipico turco) e começo a explicar a nossa situação e se ele acha que dava tempo suficiente para ir de metro ou se seria melhor ir de táxi. Quando chegamos a Zeytinburnu ele diz para apanhar um táxi (faltavam 25mins). Explica ao taxista que temos de estar na estação de autocarros às 20h30 e para ir depressa. 4 pessoas entram no táxi, 4 malas fica na bagageira meia aberta com o elástico da bagageira a prender e lá segue o taxista para uma corrida em que tínhamos 20mins restantes. O taxista bem que apitou e acelerou e chegamos à estação pouco menos de 5mins antes. Paguei-lhe 30TL em vez das 25TL combinadas (quero lá saber) e conseguimos apanhar o autocarro para Sofia.
Após ficar 2 horas na fronteira Turquia - Bulgária, onde verificaram todas as malas e todos os cantos do autocarro e onde o policia búlgaro me pergunta para onde vou e ao responder sérvia me começa a falar em sérvio e eu a tentar responder, lá seguimos.
Em Sofia tivemos a sorte de ter um autocarro para Nis imediatamente e seguimos. Na fronteira Bulgaria - Sérvia, visto que era a única pessoa com passaporte UE e me perguntarem de onde vinha (Istambul) lá me fazem mostrar a mala para o famosos bagage control. Mais um visto de 3 meses na Sérvia e seguimos para Nis, onde trocamos de bus para Belgrado e finalmente outro bus para Novi Sad.
Depois desta maluca aventura onde houve momentos em que pensei que não conseguiria sair da Turquia deixo a minha lista de factos sobre a Turquia:
O plano era ir de avião, como é habitual, mas à ultima da hora um dos participantes decidiu que não podia ir e, com os bilhetes já reservados, não foi possível cancelar ou alterar a reserva. Assim a ideia foi de ir de comboio, no Balkan Express, que faz Belgrado - Istambul, um dos antigos troços do Expresso do Oriente. Este comboio passa pela Bulgária, em Sofia, antes de se dirigir para Istambul. Após Istambul o plano era apanhar um dos dois comboios possíveis para Izmir.
E assim partimos numa viagem de 24h numa carruagem com as respectivas camas. O como era suficientemente bom, não tenho razões de queixa. Deu para ler o primeiro volume do Discworld, do Terry Pratchett, o que se revelou uma maravilhosa historia fantástica e humorística e que me obriga a procurar pelos próximos volumes.
Após paragem na estação de comboio de Sofia (pelo que vi da estação e das aldeias por onde a linha passava Bulgária é bastante pobre), chegamos à fronteira da Turquia. Após comprar o visto (preço varia consoante o país, Portugal = 15€, Sérvia = 10€, Canadá = 30€) foi-nos informado que o comboio não avançaria mais e que teríamos de fazer o restante percurso de autocarro até Istambul. Ok, tudo bem, assim foi.
Chegamos à estação de comboio de Istambul (bela estação) as 06h30. As bilheteiras abrem às 07h00 o que, em horário turco, significa 07h20. Quando estas abriram foi-nos informado que...não havia comboios durante todo o dia, não trabalhavam, vá-se lá saber porque. A solução então é ir de autocarro para Izmir. Mas onde fica a estação de autocarros?
Aqui é preciso fazer a ressalva que praticamente todos os funcionários de estações de transporte publico que encontrei falavam inglês, mas esta senhora dizia, no seu inglês, que a estação era não sei onde e que era preciso apanhar o eléctrico e o metro e mais não sei o que. Não estava a ajudar muito.
No entretanto um casal um pouco idoso mete conversa connosco, americanos de Florida, só pelo sotaque se notava. O homem sabia um pouco de turco e também queria ir para a estação de autocarros portanto decidimos juntarmos. Enquanto o homem perguntava a várias pessoas, a mulher decide que deviamos...rezar! E ela rezou ao almigthy lord na sua reza americana. Após isso começa a perguntar se somos religiosos (eu cá não!), onde começamos a rezar e a ter fé e pergunta...onde aprendemos inglês. Na escola??
Nesta altura confesso que estava perdido pois não sabia o que fazer. Decidimos ir fora da estação de comboios ver se encontrava-mos alguma coisa. Num quiosque perto comprei um mapa de Istambul e com esse mapa pedimos à senhora da bilheteira para nos indicar como ir à estação de autocarros. Assim foi. Era necessário amanhar um eléctrico e depois trocar para apanhar o metro saindo directamente na estação de autocarros.
A noção de estação de autocarro para os turcos é diferente pois sendo um pais gigantesco, e tendo uma boa rede de transportes, a maior parte do transporte efectua-se de autocarro (e dos bons e modernos). Esta estação de autocarros era gigantesca tenho mais de 100 postos de empresas de transporte, cada uma para o seu local.
Não foi difícil encontrar o posto para Izmir pois existe sempre alguém a perguntar para onde vamos e para direccionar para o posto (na esperança de receber alguma gorjeta). O preço dos autocarros é barato, por uma viagem de 8h para Izmir pagou-se 15-20€.
E aqui se entra no maravilhoso mundo dos autocarros na turquia. Os autocarros, primeiro que tudo, são modernos, 5 anos máximo. Têm TV, som, alguns até internet wireless. Todos os autocarros têm uma pessoa que controla os bilhetes, lugares, destino e...oferece agua, sumos, café, chá, bolos, e o famoso liquido bem-cheiroso para limpar as mãos. Melhor que num avião low-cost.
Quando se diz a um estrangeiro que se é português a conversa é automaticamente redireccionada para o futebol. Não há outra hipótese. No autocarro para Izmir o rapaz empregado diz "Benfica not good, Porto good". Hehehehe.
Chegados a Izmir fomos recebidos pelo pessoal da organização do intercâmbio. Não quero aqui escrever como foi o intercâmbio, os inúmeros problemas de organização que ocorreram e os momentos em que (curiosamente) me tornei impulsivo e assertivo e onde tomei posições.
Apenas posso dizer que todo o intercâmbio foi envolvido nos festejos do dia 19 de Maio, a data de nascimento de Ataturk, o fundador da Turquia e o seu primeiro presidente, que é venerado pelos turcos como herói nacional, data essa que foi transformada no dia da Juventude na Turquia. Nesse dia, por todo o pais, existem festejos e demonstrações desportivas e escolares por parte dos jovens. O grupo do intercâmbio participou nesse festejo, no estádio, perante umas 5mil pessoas, com uma simples dança. Posso dizer que tive a experiencia de me sentir oprimido, tal como se vivesse numa época ditatorial com demonstrações de poder quase-militar e patriótico (nacionalista?), com generais e presidentes da câmara a darem voltas ao estádio numa carrinha, com mais bandeiras turcas por metro quadrado do que quando Portugal foi à final do Euro 2004, com poemas e declarações da vida de Ataturk. Ouvi pessoas a compararem o evento com os eventos de Tito e Ceasescu. O líder do grupo da Roménia, que tem 31 anos, disse que presenciou um desses eventos de Ceasescu quando era novo e que a diferença era mínima.
Na volta o plano era seguir de comboio de Izmir para Istambul (no primeiro dia não trabalhavam mas agora sim) e seguir de comboio de Istambul para Belgrado como na origem.
Em Izmir apanhamos um, bom diga-se, comboio para Bandirma, comboio que demora umas 6h para percorrer uns 300kms. Bandirma é uma cidade que funciona de porto para Istambul existindo um Ferry para fazer a ligação. Assim que chegamos fomos à estação do ferry para obter os bilhetes. O problema é que existem poucos ferrys por dia e estavam todos esgotados! Mais uma vez a única opção é ir de autocarro até Istambul. Após perguntar onde apanhar o autocarro para Istambul fomos a uma pequena companhia de autocarros mas que tinham todos esgotados. Neste momento reparo que um grupo de 3 jovens também queria ir para Istambul e pus conversa com eles na medida de obter ajuda. Eles disseram que tinhamos de ir (novamente) para a grande estação de autocarros e tentar lá e que nos ajudariam. E assim foi. Na estação de autocarros só existia autocarro às 19h30 o que faria com que perdêssemos o comboio internacional que parte às 22h. Sem outra hipotese e após umas sms para a minha namorada um hostel estava reservado em Istambul.
Entretanto só um rapaz do grupo de jovens falava inglês mas ambos eram extremamente simpáticos e gentis. Na ida para Istambul foi necessário esperar uma hora pelo ferry o que fez com que chegássemos a Istambul as 2 da manhã! Ai a única opção seria ir de táxi para o hostel, informação que foi explicada pelo nosso novo amigo ao taxista. A viagem de taxi custou 50TL (25€), o taxista andava um bocado perdido e a perguntar a pessoas onde era o hotel, eu até telefonei para o hostel e pus o gajo do hostel a falar com o taxista mas lá conseguimos chegar ao destino. Claro que num taxi às 2 e tal da manhã em pequenas ruas de Istambul as raparigas estavam completamente apavoradas.
Lá passamos a noite no hostel e de manha fomos à estação de comboios para reservar os lugares no comboio internacional. Lá é nos dito que...o comboio internacional não estava em funcionamento por problemas na linha! Após algumas sms e algumas pesquisas na net (viva o wireless do burger king) descobrimos que tinhamos de ir para Sofia de bus e dai para Sérvia (bom, isto é o caminho que o comboio também faz). Compramos os bilhetes para as 20h30 o que dava tempo suficiente para apanhar o autocarro para a Sérvia às 7h em Sofia.
Passamos o dia a conhecer um pouco de Istambul, a Mesquita Sultan Ahmed (gigantesca e incrível no seu interior), a Hagia Sophia (estava fechada), algumas ruas e comida. Às 7h30 lá saímos do hostel com as bagagens para ir para a estação de autocarros. Neste momento preciso de dizer que o caminho que sempre percorremos anteriormente (Yusufpasa - Aksaray) obriga a caminhar por uma passagem subterrânea e o uma passagem aérea para fazer a ligação da estação de eléctrico e de metro. Devido às malas e às raparigas decidimos fazer o transbordo electrico-metro numas estações mais à frente (Zeytinburnu) mas que tem ligação directa com o metro na estação (mapa).
Ora isto é tudo muito bonito se a diferença de estações de eléctrico não fossem umas 10 estações. Após passar a estação de Yusufpasa apercebi-me imediatamente que o tempo seria muito curto, se não impossível, e comecei a ficar preocupado seriamente. Neste momento todos nós olhamos para a nossa direita e vemos...o rapaz que nos ajudou em Bandirma. Lá estava ele, impávido e sereno, cumprimentou-me com 2 beijos (tipico turco) e começo a explicar a nossa situação e se ele acha que dava tempo suficiente para ir de metro ou se seria melhor ir de táxi. Quando chegamos a Zeytinburnu ele diz para apanhar um táxi (faltavam 25mins). Explica ao taxista que temos de estar na estação de autocarros às 20h30 e para ir depressa. 4 pessoas entram no táxi, 4 malas fica na bagageira meia aberta com o elástico da bagageira a prender e lá segue o taxista para uma corrida em que tínhamos 20mins restantes. O taxista bem que apitou e acelerou e chegamos à estação pouco menos de 5mins antes. Paguei-lhe 30TL em vez das 25TL combinadas (quero lá saber) e conseguimos apanhar o autocarro para Sofia.
Após ficar 2 horas na fronteira Turquia - Bulgária, onde verificaram todas as malas e todos os cantos do autocarro e onde o policia búlgaro me pergunta para onde vou e ao responder sérvia me começa a falar em sérvio e eu a tentar responder, lá seguimos.
Em Sofia tivemos a sorte de ter um autocarro para Nis imediatamente e seguimos. Na fronteira Bulgaria - Sérvia, visto que era a única pessoa com passaporte UE e me perguntarem de onde vinha (Istambul) lá me fazem mostrar a mala para o famosos bagage control. Mais um visto de 3 meses na Sérvia e seguimos para Nis, onde trocamos de bus para Belgrado e finalmente outro bus para Novi Sad.
Depois desta maluca aventura onde houve momentos em que pensei que não conseguiria sair da Turquia deixo a minha lista de factos sobre a Turquia:
- A Turquia impressionou-me bastante ao nível de desenvolvimento. É um pais bastante desenvolvido, rico, com transportes, infraestruturas, um pais moderno.
- A nível de natureza e paisagens é um país extremamente belo.
- Turquia é gigantesca e composta por 70 milhões de habitantes onde a maioria vive na costa. A parte este é composta por vilas e desertos e problemas com os curdos.
- Na minha grande opinião, o grande choque cultural da turquia é a religião e, principalmente, a sua sociedade patriarcal. Mais de 90% da população é muçulmana e o comportamento masculino em relação às mulheres.
- Embora veja na wikipedia que a poligamia esta abolida na Turquia, vários turcos nos disseram que têm 2 mulheres ou que conhecem pessoas com 2 mulheres. Na sociedade turca é o homem que manda. Por ex, numa das festas que fizemos houve homens turcos a darem dinheiro às raparigas que dançavam, facto que as chocou e indignou mas que para os homens turcos é algo extremamente normal.
- O exercito Turco é enorme e poderoso (segundo exercito da NATO) e muitos dos jovens vão e querem ir para o exército, e embora não tendo a certeza, acredito que seja obrigatória.
- Na Turquia é proibido consumir bebidas alcoólicas em público e espaços públicos. Por exemplo, as famosas casa de chá são interditas às mulheres.
- Ataturk é, como disse, visto como um herói nacional estando presente em todo o lado, a sua cara, as suas frases, a bandeira turca etc. Por este motivo os turcos são extremamente orgulhosos do seu pais e da sua nacionalidade. A bandeira turca é um símbolo nacional e facilmente ficam ofendidos caso a bandeira seja desrespeitada, por ex, umas raparigas do grupo sentaram-se em cima de uma bandeira turca e imediatamente foram chamadas à atenção.
- A cerveja turca, Efes, é extremamente boa.
- Os turcos não são pontuais e a sua noção de tempo é 10mins = 30mins.
- O respeitinho é muito bonito na Turquia e ter um encontro com o presidente da câmara ou com o director da universidade é uma honra.
- Istambul é uma cidade gigantesca, tendo entre 12 a 15 milhões de habitantes é a cidade mais larga do mundo. Istambul É a porta para o oriente e o mundo islâmico, sendo uma cidade bastante turística e também europeia.
- As ruinas de Ephesus, são impressionantes e que contém, supostamente, a residência final da Virgem Maria.
- Devido a serem muçulmanos os turcos não comem carne de porco. Isso não os impede de terem excelente Doner Kebab, kebab normal (o que os tugas conhecem por kebab não é mesmo kebab). Grande parte da sua alimentação é baseada em vegetais e arroz (sim, arroz). Iogurte também tem uma grande influencia, como o famoso Ayran, que é um iogurte um bocado para o azedo e bastante aguado mas bastante fresco.
- Uma das bebidas nacionais é o chá, que é bebido em todo o lado, por toda a gente em qualquer hora. É comum encontrar pessoas sentadas na rua a conversar e a beber chá.
- E sim, os turcos adoram mulheres loiras.
- Quando referi a poligamia, esta não é feita ao calhas. Para um homem ter mais que uma mulher tem de provar que as consegue sustentar. Cada uma tem a sua casa e a primeira mulher é a mais importante e o homem tem de passar tempo suficiente com ambas.
- Um dos exemplos da sociedade patriarcal é a entrada na mesquita onde as mulheres só podem entrar após os homens.
- Mais uma vez, os tugas no seu cantinho não têm noção do outro lado da Europa. Devido à enorme área do império otomano, muita da gastronomia, palavras, tradições e aspectos turcos são reflectidos nos países dos Balcãs e alguns países europeus de leste.
- O Youtube está bloqueado na Turquia, existindo uma versão oficial e controlada pelo governo.