Seguindo a sugestão do meu amigo Marquitos que anda perdido por terras de sua majestade, a Pizza Caseira é um bom e económico jantar. Pizza Caseira, pergunto-lhe eu. Tipo, compras a massa, espetas-lhe polpa de tomate por cima e ingredientes e forno? Não, diz ele, até a massa faço, assim é que se poupa.
E se ele o diz, ele o saberá.
Passo nr 1 - Compras
Ora, como bom homem solteiro, independente e moderno que sou, não tenho nada em casa. Portanto toca de ir comprar.
Nesta altura eu tinha pensado não fazer eu próprio a massa por estar a adivinhar que ia correr mal. Até a minha irmã usa a massa pré-feita. Isso é tudo muito bonito, mas no Pomar da Reboleira, esse poderoso supermercado, não há massa para pizzas! Como tinha programado fazer pizza caseira hoje, e eu sou um homem de palavra, pizza caseira vou comer, nem que morra a seguir!
Passo nr 2 - Preparação
Eu baseei-me em duas receitas,
esta e
esta. E quando digo basear, é tirar ideias porque no fim eu não faço as medidas como elas indicam. Portanto, ligar o rádio ou qualquer coisa que toque música.
Colocar um avental. Isto é muito importante. Para além de um avental ser a farda de um cozinheiro, um avental previne alguns acidentes mortais. E as miúdas adoram um homem de avental.
Massa:
- 4 Chávenas de Farinha (eu tenho um power medidor que até diz Cups) (Isto é equivalente a uns 600gr de farinha)
- 2 ovos (eu como tenho ovos caseiros, que são mais pequenos, coloquei 2)
- 1.5 chávenas de água morna (isto dá uns quase 400ml, há que ser rigoroso!)
- Azeite q.b. (epá, azeite foi a olho, não chegou a 1 chávena)
- Sal (isto é muito importante! Não façam como eu que se esquece sempre do sal)
Arranjar um recipiente próprio e grande (eu não sei o nome das cenas na cozinha) e espetar para lá a farinha, com muito cuidado senão parecem um traficante de coca da Colômbia. Juntar a água morna, azeite, ovos previamente batidos com um garfo e sal.
Agora vem o momento da verdade! Mexer esta mistela! Não é fácil. Acho que entortei aquelas cenas que se metem na batedeira. Tinha uma de plástico mas a determinado momento os pauzitos começaram a sair (aquilo é de encaixe). Mexer e mexer e bater e rodar e juntar água ou azeite ou farinha caso se ache que se está muito ou pouco liquido.
Nesta altura tapar aquilo tudo com um pano durante uma horita. A isto se chama levedar! Ah pois é, eu não sabia mas agora já sei.
Nesta altura vem um momento crucial, de extrema importância para o cozinheiro e para o cozinhado, se este momento falha todo o resto do processo fica comprometido!
Ir buscar bebida!
Eu gosto de abrir uma garrafita de vinho tinto e beber meio copito durante o cozinhado. Assim abro o apetite e deixo a garrafa respirar. Mas tá calor e pizza não convida a vinho tinto. Então tirei uma mini do congelador, que tinha colocado quando vim das compras, previamente molhada, é claro. Devem pensar que sou parvo, não?
Molho para a pizza:
- 1 lata de tomate pelado (convém ser grande)
- 1 cebola
- 2 dentes de alho
- Azeite
- Sal
- Pimenta
- Oregãos
É altura do molho de tomate que vai ser refogado. Quem não sabe o que é um refogado ou fazer um refogado, pare de ler isto e vá aprender a fazer primeiro. Quem não sabe o que é um refogado não é digno de cozinhar, nem que seja mal e porcamente como eu.
Portanto, agarra-se numa boa faca e tira-se a pele à cebola. Neste momento, e numa grande rapidez, passa-se a faca e a cebola sem pele por agua. A cebola faz chorar porque liberta um composto quem em contacto com o inox da faca gera uma reacção química e o resultado dessa reacção é que me ataca os olhos que eu fico que nem posso. A água vem prevenir essa reacção...mas não muito. Aproveito agora para dizer a minha teoria das cebolas: quanto mais fizerem chorar melhor são.
Corta-se a cebola em 4 e espeta-se na 1,2,3 aka varinha mágica. Espera...pensavam que ia cortar a cebola aos bocaditos enquanto gritava de dor do olhos? Tá bem tá! Mete-se a cebola lá dentro do recipiente da 1,2,3 e tapa-se para os seus vapores tóxicos não atacarem o valente cozinheiro.
Agora pega-se nos dentes de alho, tira-se a pele e corta-se em dois e pumba, lá para dentro. Ligar à corrente e deixar a lamina fazer o seu trabalho.
Pegar num tacho e deitar, abundantemente, azeite. Eu gosto do refogado com muito azeite. Ligar o lume, brando, e deitar para lá o massacre cebola-alho.
Abrir a lata de tomate pelado e colocar no recipiente da 1,2,3. Triturar aquilo tudo. Deitar sal, pimenta e oregãos a gosto.
Quando a cebola começar a ficar com aquela cor dourada, tostadinha de fritar no azeite, deitar o molho de tomate e deixar ferver a lume brando. Um bom refogado tem de estar ali a borbulhar bastante tempo, 15-20 mins. Mexer com frequência. Mas não sejam brutos como eu que o tomate sai todo a voar para as paredes. (PS: Nesta altura reparo, graças à minha experiência como cozinheiro, que o molho vai ser pouco. Então abro um pacote pequeno de polpa de tomate, curiosamente da mesma marca, e junto ao resto. Daí eu ter dito que é uma lata de tomate pelado GRANDE!)
Nesta altura tira-se outra mini do congelador visto que a primeira tava pouco fria logo bebe-se mais rapidamente. A segunda tá mais que fresca e bebe-se quase tudo duma golada tal é a satisfação do cozinheiro ao ver a sua, até agora, obra feita!
Enquanto a massa leveda e o refogado ferve, vai-se fazer uma porcaria qualquer. Deixo ao vosso critério, já fiz muita, mas mesmo muita coisa enquanto o comer fazia. Hoje vim escrever metade deste post!
Cobertura e Forno:
Quejo Mozzarela
Cobertura
Peguem na massa que já acabou de levedar e contemplem-na por um momento. Agora vão buscar uma pá e uma espátula. Não toquem na massa com as mãos!!! Não é por causa da gripe A, é porque isso parece massa consistente e não sai das mãos. Já vi casas a manterem-se de pé com materiais menos peganhentos do que esta massa.
Abram outra mini.
Peguem num tabuleiro para a pizza. Eu tenho uns tabuleiros circulares com buraquinhos no fundo e tudo, mesmo para pizza. Não sei onde se compra, isso são desígnios da minha irmã e da minha mãe e para mim é o equivalente a bruxaria. Com a ajuda da pá e da espátula espalhem a massa consistente pelo tabuleiro. Tentem espalhar isso da forma mais lisa e homogénea possível. (É impossível). Foi a coisa mais estranha, peganhenta que já fabriquei. (Errr, vamos ficar por aqui). Aquilo é dificil de manejar, pega-se às mãos, não sai nem com àgua a ferver e é mais peganhento que super cola 3 (vamos ficar por aqui também).
Com a massa espalhada, espalha-se o molho de tomate refogado por cima. Depois vejam as piscinas de molho de tomate que fizeram nessa massa toda mal espalhada. Guardem um bocadinho de molho, se sobrar.
Espalhar queijo mozzarela por cima de tudo. Bastante.
Ligar o forno. Isto tem de ser com forno de gás, com chama e fogo e tal. Fornos eléctricos é para meninos que nem barba têm. Se não sabem manejar um forno a gás também não sabem manejar uma mulher. Tenho dito.
Agora vem a melhor parte, espalhar os ingredientes ao nosso gosto. Cautela que com 0.5L de cerveja no bucho e mãos deslizantes pode ser complicado abrir latas de cogumelos e atum (Tenho uma cicatriz no polegar que confimar o perigo destas latas). A de fiambre e bacon teve de ser com uma faca. Espalhar a bel-prazer.
A cobertura é uma data de ingredientes à vossa escolha. Eu escolhi fiambre, milho, bacon, atum, cogumelos. Tinha comprado fatias de chourição mas só me lembrei dele no fim e devia ter sido posto no inicio.
Nesta altura vi a pizza mais disforme e com mais ingredientes que já alguma vez me tinha passado defronte destes olhos. Já estava cheio de água na boca com tal manjar! Deitar o resto do molho de tomate para cima disto. Eu deitei o resto da polpa de tomate.
Colocar o tabuleiro no meio do forno. Digo meio porque foi o que me pareceu melhor. E eu é que sei.
Beber o resto da mini e ir mijar que um gajo tá cheio de cerveja. Isto se estiverem sozinhos, como eu, e a única companhia que têm é beber. Porque se tiverem acompanhados dá para fazer muita coisa em 20-25 minutos que aquilo leva a cozer!
Agora vou esperar que o milagre da gastronomia aconteça e depois faço outro post com o rescaldo...se sobreviver.
