15 de janeiro de 2011

2º Artigo d'A Barca: Identidade Nacional

Penso que me esqueci de postar o segundo artigo que fiz para A Barca. Aqui vai:


Identidade Nacional

O tratado de Alcanizes foi assinado por Fernando IV, rei de Leão e Castela, e D. Dinis em 1297, fixando as fronteiras entre Portugal e Espanha. Este tratado torna Portugal um dos países com fronteira mais velha da Europa. A última vez que a fronteira da Sérvia foi alterada foi em 17 de Fevereiro de 2008 com a declaração de independência do Kosovo. Com isto quero demonstrar as diferenças entre os conceitos de naturalidade, cidadania e etnia, pois uma pessoa nascida em Portugal é portuguesa (embora só há pouco tempo o direito de solo se aplica a estrangeiros) e uma pessoa nascida na Sérvia pode ser tudo menos Sérvia. O que significa isto?

Portugal tem menos de 4% de imigrantes. Na Sérvia 86% da população é de etnia sérvia entre várias etnias. A província de Vojvodina, da qual Novi Sad é capital, contém apenas 65% de população sérvia contando com mais de 25 comunidades étnicas. A diferença é que aqui não se trata de imigrantes ou estrangeiros, mas de população que é natural e cidadã da sérvia mas com uma identidade étnica diferente, considerando-se húngaros, bósnios, albaneses (ou seja, países existentes) ou roma, bunjevci, jugoslavos, gorani ou apenas muçulmanos (simplesmente grupos étnicos).

Devido à geografia dos Balcãs, aos vários impérios (austro-húngaro e otomano) e conflitos passados, a sérvia sempre foi um entroncamento étnico e de fixação de populações. Estas características levam à necessidade de protecção e representação destas comunidades étnicas, onde, por exemplo, em Vojvodina, existe um parlamento e um ministério das minorias étnicas. Um exemplo: quando estava a discutir bolos típicos de cada país pedi a um rapaz para me dizer um bolo típico sérvio e ele respondeu, para minha admiração, que era a pior pessoa para responder pois era húngaro. Na verdade ele é um cidadão da sérvia mas sente a sua identidade pessoal como húngara.

Até recentemente, em Portugal, filhos de imigrantes tinham o direito de sangue, ou seja, descendentes de Angolanos, por exemplo, de 2ª e 3ª geração, que se sentiam portugueses e nunca  foram a Angola, não eram considerados portugueses.

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