13 de março de 2011

Manif 12 de Março

Primeiro quero dizer que subestimei esta manif e que os número ultrapassaram em muito o que eu esperava. E por números vou para, talvez, os da PSP que falam em 100mil e não os da organizam que falam em 200mil. Já se sabe que quem organizar tem de inflacionar, mas por outro lado, só vi o que vi pela RTPN e não estive lá. Já li quem disse que nunca viu tanta gente junta em Lisboa. Mas destaco também os 50 ou 60mil do Porto e 6mil de Faro.

Mas o meu erro foi só ter pensado em quem clicou no Facebook, esquecendo-me de quem nem sabe o que é o Facebook. Porque esta manif não foi dos jovens, foi de toda a gente. Estiveram lá todas as faixas etárias, de todos o espectro politico, cada um com a sua razão e grito de guerra. No fundo, esteve lá o saco todo.

Deu para ver que a população em geral está cansada e descontente. Também deu para ver que é possível a população vir à rua e manifestar-se, dar uma lufada de ar fresco ou uma injecção de motivação e confiança. E devido a isso, estão todos de parabéns.

Tal como disse antes, os organizadores quiseram-se manter o mais neutro e politicamente correcto, não alinhando em nada especifico, querendo atrair o maior número de gente. E nada contra. Quem tá descontente, seja que razão for, que vá para a rua gritar. Mas por outro lado, quando me perguntaram sobre o que era a manifestação...não soube responder. Porque cada pessoa/grupo tinha um cartaz a dizer algo diferente. E mais uma vez, porque não? Até aqui tudo bem.

Agora o que não compreendo é ver cartazes a dizer "Sócrates para a rua" ou "Cavaco dissolve o parlamento". Cavaco este que tomou posse há dias. Onde andavam estas pessoas todas quando foram as eleições para o Cavaco? Quantos votaram nele? Quantos se abstiveram? E no Sócrates? Que eu saiba ele está no seu segundo mandato. 56% de abstenção é muito. Não é a pedir todos para a rua quando não se usa as ferramentas ao nosso dispor que isto muda. E não digam que não há alternativas, porque as há.

A precariedade existe e há coisas a mudar. Estágios não-remunerados são uma aberração e deviam ser proibidos por lei. Falsos recibos verdes são um cancro que é preciso acabar.  Que os impostos estão altíssimos e em todo o lado, que o nível de vida está cada vez pior. Que os cortes nos direitos não param de acontecer.

Mas também é verdade que é muito difícil despedir em Portugal. Que não existe o conceito de meritocracia. Que ter um curso superior não é sinonimo de ter um emprego e o desemprego está muito alto. Que a participação activa e politica dos jovens é mínima.

E agora, o amanhã? O que vem a seguir, qual é o projecto? Quais as propostas ou ideias? A onda morre? O povo saiu à rua, mas com que propósito e a pedir o que? Quem coordena?

Basta sair à rua para a Geração à Rasca tornar-se a Geração Desenrascada?

Uma coisa é certa: Quem de certeza ficou a ganhar hoje foi o Bairro Alto.

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