25 de janeiro de 2011

Lara: 1 Mês

Agora que a Lara fez recentemente 1 mês de idade, lembrei-me de colocar algo no blog sobre a experiência e a desmistificar alguns mitos, ou não.

Um bebé recém-nascido tem um horário e uma actividade muito simples: 6 ou 7 mamadas por dia, 16 horas (ou mais) a dormir, cocó, chichi e berrar. Acabou, é isto.

E quando digo berrar, é mesmo berrar. Um bebé recém-nascido quando está acordado, não está acordado a olhar e a falar e, acima de tudo, calado. Chora. Estar acordado é igual a estar a chorar. Um bebé quando nasce tem os sentidos todos a funcionar (bom, mais ou menos) mas não os consegue diferenciar entre eles. É uma mistura de sensações e experiências todas ao mesmo tempo. Um recém-nascido não consegue diferenciar ele próprio do mundo que o rodeia, o seu corpo e o que o rodeia são interpretados como sendo a mesma coisa.

Isto leva aos pais dizerem que o bebé tem cólicas. O que são cólicas? Cólicas é tudo. Ninguém sabe o que provoca as cólicas e como aparecem e como as parar. Cólicas é usado para quando os pais não fazem puto de ideia o que o bebé tem. Está a chorar e já se tentou de tudo? São cólicas.

Existem vários produtos no mercado para ajudar as cólicas e realmente ajudam. Depende de bebé para bebé. Se são gases ou dificuldade em fazer cocó ou outra coisa qualquer. Mas não custa nada experimentar.

Chucha. O tão polémico objecto. Ah e tal, não se pode dar chucha porque o bebé fica habituado e depois não larga. Não larga se os pais não quiserem. Uma coisa é um bebé com 3 anos de chucha e outro é um recém-nascido de semanas. A chucha serve para o bebé usar o reflexo de mamar, e muitas vezes dar a chucha ajuda nas cólicas ou no choro do bebé. Não tem nada de mal.

Tal como não tem nada de mal pegar o bebé ao colo. Há outra mania de dizer que o bebé é mimado e que se deve deixar o bebé chorar. Estupidez. Mais uma vez, uma coisa é dar ao colo a um bebé de 3 anos quando faz birra e outra é dar ao colo um bebé de semanas. O recém-nascido precisa de ser agarrado e acarinhado sempre que quiser. Ser agarrado faz-lhe lembrar o útero (quente e que o rodeia) e encostar a cabeça do bebé ao peito fá-lo ouvir o bater do nosso coração, tal como ouvia no útero. O bebé chora, logo pega-se ao colo. Um bebé recém-nascido é impossível de ser mimado, apenas se satisfaz a necessidade do toque e calor humano e contacto com a mãe.

Leite. Talvez não em Portugal, mas aqui houve muita pressão para amamentar. Ora isso depende da quantidade de leite da mãe e de quando esta começa a amamentar. Não tem mal nenhum dar a comida artificial, caso seja necessário, em conjunto com a amamentação. Óbvio que amamentar é importante e o bebé obtém anticorpos através do leite materno. Mas às vezes, por várias razões, não é possível amamentar. Por outro lado, todas as mães têm leite após o parto.

Bitaites. Quando se é pai toda a gente dá o seu bitaite e o seu conselho. Um conselho: ignorem isso. Os pais é que sabem o que estão a fazer e o que é melhor para os eu filho. No primeiro filho é óbvio que centenas de dúvidas irão aparecer, logo é muito fácil minar a autoconfiança dos pais, principalmente da mãe. Mas a mãe necessita de estar calma e em paz, nem que seja para ajudar a amamentação. Uma mãe em stress prejudica a quantidade de leite e o processo de amamentação.

E nem vou aqui falar de outras situações ridículas, como o mau-olha, por exemplo. Felizmente aqui não existe essa mania.

E para finalizar, eu sei do que estou a falar. Existe uma grande vantagem em ter uma mãe pediatra!

15 de janeiro de 2011

A aversão humana à mudança

Recentemente um astrónomo, de nome Parke Kunkle, veio a publico dizer que os signos do Zodíaco estão errados.

Usando dados do seu trabalho, disse que a posição da terra em relação às estrelas é diferente do que era à 2000 anos logo os signos de hoje em dia têm as datas erradas e propôs um 13º signo, signo da Serpente.

E foi pura e simplesmente isto que ele fez, alertou para algo que ele acha que está incorrecto.

O que aconteceu?

Esta noticia espalhou-se de forma viral. Aqui tudo bem. O problema é que foi espalhada assumindo que os signos realmente mudaram. De um dia para o outro.
Em vez de dizer "Um gajo diz que os signos estão errados", foi dito "Os signos estão errados e mudaram".

A Internet e as redes sociais fervilharam de comentários. Saiu em tudo o que é jornal e site de noticia.
As pessoas começaram a comentar que não podia ser, era ridículo, o meu signo é o meu e não mudo e não quero saber. Mas ninguém parou para ler com olhos de ler e ver que entrou tudo numa histeria sem jeito nenhum.

Primeiro ninguém mudou coisa nenhuma. Pergunto-me quem controla os signos, que comissão ou instituição é responsável por certificar os signos! Segundo estamos a falar de algo que nem é factual ou material. Não estamos a falar de mudar as horas do dia ou mudar de Escudo para o Euro. Se realmente os signos mudassem, nada na nossa vida normal mudaria.

Terceiro, eu tenho a teoria que o ser humano tem aversão à mudança. Aversão a ter de mudar o conceito de algo que dá por garantido. Eu que dou por garantido que sou Leão (seja lá o que isso signifique) não consigo assimilar que, dum dia para o outro, passo a ser Balança. Logo não quero essa mudança, sou contra ela. E digo a brilhante frase, também usada no Acordo Ortográfico, "sempre fui Leão portanto vou continuar a ser. Eu cá não mudo".

Mas no fim de tudo, o pobre Parkel Kunkle ficou bastante admirado e só disse que apenas queria realçar que nos baseamos em algo que, neste momento, não é verdade. Ou seja, que damos por garantido algo que não é.

3º Artigo d'A Barca: Religiões

Aqui vai o terceiro artigo:



Religiões

Segundo os censos de 2001, cerca de 85% da população portuguesa considera-se católica. Historicamente, devido ao D. Afonso Henriques ter conseguido o reconhecimento da independência de Portugal pelo Papa Alexandre III, na bula Manifestis Probatum, tornando também Portugal um estado vassalo da igreja católica. Juntando a isto a Inquisição a existência do Santuário de Fátima e a ligação privilegiada da Igreja com Salazar, é fácil perceber que só existe uma religião em Portugal.

Os Balcãs, sendo uma região multicultural, apresentam também um panorama multi-religioso, onde encontramos Igreja Ortodoxa (Cristã), Igreja Católica e Islão. A igreja ortodoxa encontra-se maioritariamente na Bulgária, Grécia, Sérvia, Macedónia, Montenegro, Roménia e Sérvia. A igreja católica encontra-se maioritariamente na Croácia e Eslovénia e o Islão no Kosovo, Albânia e Bósnia. De notar que as comunidades judaicas nos Balcãs são das mais velhas da Europa, tendo sofrido bastante na segunda guerra mundial.
Por exemplo, em Novi Sad encontram-se em volta do centro da cidade a principal igreja católica, ortodoxa, a sinagoga e a mesquita, embora a sinagoga não seja usada para eventos religiosos mas sim para eventos culturais. A título de curiosidade a Teresa Salgueiro efectuou um concerto na sinagoga de Novi Sad a 18 de Setembro do ano passado.

Estas diferenças notam-se na celebração do Natal e Ano Novo. O Natal Ortodoxo é a 6 de Janeiro, no dia de Reis, e o ano novo a 14 de Janeiro, pois a Igreja Ortodoxa segue o calendário Juliano e não o calendário Gregoriano que é seguido pela Igreja Católica. 

Embora a Sérvia seja um estado secular, a influência da Igreja Ortodoxa na política e sociedade continua a ser enorme, notando-se bem nos ataques efectuados durante a primeira parada Gay Pride, executada com sucesso, a 10 de Outubro de 2010 onde 6000 manifestastes anti-gay colidiram com 5000 elementos das forças policiais destacados para proteger a parada.

2º Artigo d'A Barca: Identidade Nacional

Penso que me esqueci de postar o segundo artigo que fiz para A Barca. Aqui vai:


Identidade Nacional

O tratado de Alcanizes foi assinado por Fernando IV, rei de Leão e Castela, e D. Dinis em 1297, fixando as fronteiras entre Portugal e Espanha. Este tratado torna Portugal um dos países com fronteira mais velha da Europa. A última vez que a fronteira da Sérvia foi alterada foi em 17 de Fevereiro de 2008 com a declaração de independência do Kosovo. Com isto quero demonstrar as diferenças entre os conceitos de naturalidade, cidadania e etnia, pois uma pessoa nascida em Portugal é portuguesa (embora só há pouco tempo o direito de solo se aplica a estrangeiros) e uma pessoa nascida na Sérvia pode ser tudo menos Sérvia. O que significa isto?

Portugal tem menos de 4% de imigrantes. Na Sérvia 86% da população é de etnia sérvia entre várias etnias. A província de Vojvodina, da qual Novi Sad é capital, contém apenas 65% de população sérvia contando com mais de 25 comunidades étnicas. A diferença é que aqui não se trata de imigrantes ou estrangeiros, mas de população que é natural e cidadã da sérvia mas com uma identidade étnica diferente, considerando-se húngaros, bósnios, albaneses (ou seja, países existentes) ou roma, bunjevci, jugoslavos, gorani ou apenas muçulmanos (simplesmente grupos étnicos).

Devido à geografia dos Balcãs, aos vários impérios (austro-húngaro e otomano) e conflitos passados, a sérvia sempre foi um entroncamento étnico e de fixação de populações. Estas características levam à necessidade de protecção e representação destas comunidades étnicas, onde, por exemplo, em Vojvodina, existe um parlamento e um ministério das minorias étnicas. Um exemplo: quando estava a discutir bolos típicos de cada país pedi a um rapaz para me dizer um bolo típico sérvio e ele respondeu, para minha admiração, que era a pior pessoa para responder pois era húngaro. Na verdade ele é um cidadão da sérvia mas sente a sua identidade pessoal como húngara.

Até recentemente, em Portugal, filhos de imigrantes tinham o direito de sangue, ou seja, descendentes de Angolanos, por exemplo, de 2ª e 3ª geração, que se sentiam portugueses e nunca  foram a Angola, não eram considerados portugueses.

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