3 de outubro de 2009

A Jangada de Pedra

Ultimamente tenho lido livros e visto filmes que contam 2 histórias em simultâneo: a história que lemos/vemos, o enredo, a história que se conta e que está à vista de todos, mas esta história é metafórica, usada para contar a verdadeira história, a história entrelinhas, a verdadeira mensagem do livro/filme e que é preciso ter olhos abertos para a apanhar.

Uma é uma fachada para a outra, para encher linhas ou minutos.

O Saramago é assim, a Jangada de Pedra é assim. A história deste livro é muito simples: A península Ibérica, um dia, solta-se do resto da Europa pelos Pirenéus e vai a navegar, sabe-se lá porque, pelo oceano atlântico. Pronto, é isto. Será?

Toda a gente sabe que o Saramago é a favor duma união Ibérica, Portugal e Espanha unidos num único pais, num governo de união. Então ele usa a metáfora da separação da península, para representar essa união, indo colocar a península a meio do atlântico mesmo em cima da linha do tratado de Tordesilhas representando a península, e Portugal e Espanha, como ponte entre as Américas, nossas basicamente visto que lá o que se fala é português e espanhol, e a Europa. No livro a Europa é a primeira a dizer que não quer saber de nós para nada representando o nosso, suposto, afastamento cultural do resto da Europa. Portugal e Espanha nunca se viraram para dentro, viraram-se para fora nos Descobrimentos.

Ou como diz a Wikipedia tuga:
A separação geográfica é uma alusão ao que Saramago via ocorrer frente à unificação da Europa, onde os países ibéricos estavam postos de lado, navegando à deriva sem se identificarem cultural, social ou economicamente com o restante do continente.


Sem comentários:

Share